sábado, 22 de outubro de 2011

JULIÃO SARMENTO, JOSÉ LOUREIRO E EDGAR MARTINS NO MUSEU DA ELECTRICIDADE

                         
                                              Bosão de L, uma pintura de José Loureiro

Fiquei desiludido com as obras que Julião Sarmento expõe. Conheço este artista há muitos anos e recordo-me de alguns dos seus trabalhos de uma qualidade excepcional, por exemplo, aqueles pertença da Fundação Calouste Gulbenkian. No Museu da Electricidade, da Fundação EDP, o artista apresenta uma série de quadros que pretendem ser uma fusão entre imagem e texto. A imagens parecem, nas palavras do curador da exposição, João Pinharanda, mais concretas que as palavras - mas são igualmente indefiníveis. Nas imagens temos a ilusão de que há coisas que podemos descrever; mas são fragmentos de coisas (corpos e seus gestos, espaços e seus elementos) que temos mentalmente que completar. José Loureiro, outro dos artistas em exposição, elege como momentos marcantes da sua formação artística, duas leituras, o poema Deslumbramento de Cesário Verde e o capítulo de Guerra e Paz onde Tolstoi narra a batalha de Borodino. José Loureiro necessitou de uma parede com 1626 x 540 cm. para provar a sua tese de construir uma "máquina" concreta capaz de evidenciar a separação das partículas de cor que integram as coisas do mundo real. O ventre das centrais hidráulicas  é fotografado por Edgar Martins. Ao visitarmos a exposição estamos sempre à espera de ver o que sabemos existir no exterior, por cima daquelas grandes abóbodas: água, muita água. Nunca acontece. Só vemos aqueles   maquinismos que transformam a água em electricidade, como na Pracana ou no Fratel, também representadas na exposição. São fotografias com tamanha profundidade e realismo que não nos deixam indiferentes ao gigantismo das hidroeléctricas.
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