quarta-feira, 27 de agosto de 2014

MEMÓRIA 1982 - NÃO ÀS URNAS ITINERANTES

Quem alguma vez por essa província fora, nas pequenas vilas ou pequenas freguesias, tenha estado ligado às assembleias de voto, quer porque pertencia às mesas de escrutínio ou porque era delegado de qualquer partido, espantou-se, ou não se espantou, como a Assembleia da República pôde aprovar uma lei que permitia o sistema de urnas itinerantes.
Ora, se já actualmente há dificuldade em fazer das eleições actos absolutamente isentos, o que não seria se fosse aprovada legislação que permitisse que as urnas andassem a «passear».
À guisa de ilustração, aqui ficam alguns dos métodos utilizados por pessoas que da democracia só conhecem o nome: elementos das mesas de voto, de todos conhecidos como afectos a determinado partido político, têm diante de si e de um modo ostensivo, um isqueiro, um porta-chaves, objectos banais e correntes, mas com o símbolo do «seu» partido; indivíduos que querem, à viva força, acompanhar na câmara de voto o seu cônjuge, alegando cegueira, paralisia, etc., que não existem, com o fim único de que o voto seja feito na quadrícula que se pretende; cidadãos que à porta das assembleias de voto ensinam o local onde se deve colocar a cruz; é  a distribuição de folhetos nas proximidade das assembleias eleitorais, onde está um símbolo sinalizado, a fim de facilitar a vida ao cidadão da «cor», que muitas vezes é analfabeto; é a aceitação do voto feito por pessoas reconhecidamente doentes mentais.
Daí que não possa causar qualquer estranheza que o Presidente da República, segundo informa o «D.C.» na sua edição de 20 do corrente, vá aplicar o veto político, em tão controversa lei.

In Diário de Coimbra - 27/Agosto/1982

terça-feira, 26 de agosto de 2014

MEMÓRIA 1970 - VISITA DE UMA BRIGADA DO I.A.N.T.

Em 28, 29 e 3 do corrente estará nesta vila uma brigada do I.A.N.T. para tirar micro-radiografias ao tórax.
São especialmente convidadas todas as pessoas que por qualquer motivo tenham de ser possuidoras de cartão de sanidade e todos os funcionários públicos abrangidos pelos Serviços de Assistência à Tuberculose.

In Diário de Coimbra - 26/Agosto/1970

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

MEMÓRIA 1968 - PEQUENOS INCÊNDIOS

Os Bombeiros Voluntários locais têm sido chamados para extinguir diversos incêndios em pinhais, felizmente sem qualquer gravidade e que têm ocorrido em vários locais do concelho.

In Diário de Coimbra - 22/Agosto/1968

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

MEMÓRIA 1984 - INTERROMPIDO O ABASTECIMENTO DE GASÓLEO E GASOLINA

Desde 1 do corrente que esta vila se encontra privada de abastecimento de gasóleo. Posteriormente também os fornecimentos de gasolina cessaram.
Não é esta a primeira vez que é suspenso o abastecimento de combustíveis, ao que se supõe com origem em dificuldades económicas que o concessionário atravessa.
Porém, como se trata de um posto que abastece quase todo o concelho, são fáceis de calcular os prejuízos que a sua paralisação causa à indústria, comércio,  agricultura e à população em geral, importando referir que os automobilistas são forçados a percorrer distâncias não  inferiores a 20/30 quilómetros, a fim de se abastecerem.
Finalmente, e agora que muitos emigrantes estão de férias na sua terra de origem, que imagem reterão de uma vila sem gasolina e gasóleo?
É necessário resolver, de uma vez para sempre, este problema que afecta periodicamente todo o concelho, pois na época actual um posto de abastecimento de combustíveis deve ser considerado uma instalação tão necessária como as redes de abastecimento de água ou electricidade.

In Diário de Coimbra - 21/Agosto/1984

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

MEMÓRIA 1982 -REFORMA DO ENSINO SECUNDÁRIO TEM CAUSADO CERTA PERPLEXIDADE

A recente reforma do ensino secundário nos seus anos finais e a nova forma de ingresso nos cursos superiores, anunciadas recentemente pelo ministro da Educação, vieram criar um sentimento de perplexidade em todos aqueles que, por algum motivo, se encontram vinculados ao ensino.
Não desconhecendo como tudo o que se relaciona com o ensino, nos seus diferentes graus, se tem desenrolado de forma anárquica nos últimos anos, algumas questões se colocam de imediato.
Como pode surtir qualquer efeito a avaliação contínua se, muitas das vezes, os alunos do 11º. ano têm professores cujas habilitações são precisamente o 11º. ano?
Que confiança podem dar aos alunos todos aqueles professores que, destinados a outras carreiras - engenheiros, economistas, advogados, etc. - por impossibilidade de conseguirem emprego, caem no ensino imbuídos de um espírito mercenário, sabendo que no ano seguinte estarão, ou noutra actividade ou noutra escola, muito distante talvez, e que ninguém mais se lembrará daquilo que não ensinaram, mas que vai marcar o aluno para sempre?
Finalmente, uma reforma radical no ensino não deveria ser feita com 10/15 ano de antecedência,  como aliás afirma o ministro, permitindo desse modo que alunos e professores não caminhassem num túnel, onde nunca descortinam onde colocarão os pés na passada seguinte.

In Diário de Coimbra - 20/Agosto/1982

terça-feira, 19 de agosto de 2014

MEMÓRIA 1970 - ACAMPAMENTO DE ESCUTEIROS

O Núcleo de Escuteiros de Mação  acaba de realizar, à semelhança do anos anteriores, um acampamento no lugar do Castelo, próximo desta vila.

In Diário de Coimbra - 19/Agosto/1970

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

MADAME BOVARY


Publicado primeiramente na Revista de Paris no ano de 1856, entre 1 de Outubro e 15 de Dezembro, Madame Bovary é o exemplo típico do romance realista e uma lição de verdade, como desejava o seu autor, o francês Gustave Flaubert. Ema Bovary, a personagem principal do romance, entende como finalidade de vida a aventura amorosa, ainda que clandestina e ilícita - Rodolfo e Léon, adultério com os homens errados. Obcecada pela leitura de certa literatura romanesca e poética, inteiramente desligada da vida real, enredada na teia de sonhos em que se envolveu, a esposa de Carlos Bovary, médico de aldeia, acaba por suicidar-se, única saída para a dura realidade em que se envolveu, após a fantasia lhe ter acenado com o brilho romântico do papel de grande amorosa.
Gustave Flaubert, o escritor, Léon Laurent-Pichet, o gerente da Revista de Paris e Auguste Alexis Parc, o impressor, viram-se envolvidos, em 1857,  num processo em que o romance foi  julgado por obscenidade, acabaram por ser absolvidos. Gustave Flaubert passou mais de 10 anos a aperfeiçoar o texto, não existe uma palavra fora do lugar certo, o estilo e a linguagem fundaram o realismo.
Este é mais um livro, no universo dos romances publicados, que toda a gente deve ler.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

MEMÓRIA 1977 - FESTAS DE VERÃO

O mês de Agosto é nesta região o período por excelência  das festas populares. Regressam, para passar curtos período de férias, todos aqueles que por força de não encontrarem condições de sobrevivência na terra que os viu nascer, foram obrigados a sair, quer para o estrangeiro, quer para zonas de Portugal, onde o trabalho não fosse tão difícil de encontrar.
As festas populares tornam-se assim, para além do mais, reuniões de convívio, encontros de velhos amigos, rememorar de aventuras de infância e juventude, tudo isto acompanhado da sardinha assada e do frango de churrasco, empurrados por um tinto, quase sempre baptizado, ou por uma garrafa de cerveja.
E aos lucros das festas é sempre dado um fim altruísta: reparação de uma capela, construção de um centro de convívio, da sede da junta de freguesia ou outras obras semelhantes.
Para complemento deste pequeno comentário sobre as festas de Verão, aqui deixamos breve resumo de todos esses festejos.
Assim realizaram-se no passado fim-de-semana as festas do Rosmaninhl (Mação) e São José das Matas (Envendos).
Para os próximos dias 13, 14 e 15, estão marcadas as festas de Nossa Senhora da Conceição, em Avessada (Envendos), as de Nossa Senhora das Dores, na Ortiga e as da Serra (Penhascoso).
E para os dias 20, 21 e 22, as tradicionais festas de São Miguel, mesmo aqui às portas da vila, e que contam, desde já, com a colaboração do Grupo Coral de Mação e do conjunto «Os Bombos», de Cebolais de Cima, Castelo Branco.

In Diário de Coimbra - 11/Agosto/1977

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

OS NOITIBÓS

Rompiam em vôos rasantes nas noites quentes de verão os focos dos faróis  dos automóveis que corriam pelas estradas marginadas de pinheiros. Partiam rápidos de dentro dos pinhais dando a sensação de se esmagarem de encontro aos pára-brisas dos carros. A luz clara dos faróis atraíam-os e, muitas vezes, traíam-os, originando-lhes um fatal suicídio. Agora, muito raramente, o seu canto prolongado e distinto
se ouve rasgar a noite, provavelmente porque os grandes incêndios destruíram os pinhais, seu habitat natural.   

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

CÃES...

Ultimamente os passeios da zona nova da vila surgem conspurcadas por efeito das necessidades fisiológicas dos caninos. Há por aí uns certos senhoritos e senhoritas  que entendem que as ruas de Mação são as retretes dos seus canideos . A praga que existe noutras localidades, infelizmente também já aqui chegou, o que obriga o caminhante a um cuidado extremo.
A solução é difícil. Apelar-se para o sentimento de higiene dos proprietários dos cães não parece que seja suficiente.  

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O VERÃO SEGUNDO CESARE PAVESE*

"Naquele ano, fazia tanto calor que se tornava impossível não  sair todas as tardes, e parecia a Gina nunca ter compreendido antes o Verão, tão bom era sair à noite para passear  debaixo das árvores das avenidas. Às vezes pensava que aquele Verão nunca mais acabaria, e ao mesmo tempo dizia para consigo que tinha de o aproveitar depressa, pois, com a mudança da estação, alguma coisa ia suceder. Por isso já não acompanhava Rosa à antiga sala de baile ou ao cinema do bairro, mas saía às vezes sozinha e enfiava-se num cinema do centro."

* Escritor italiano - 1908/1950