Conheci o Dr. Miguel Relvas há muitos anos, seguramente há mais de vinte, em Envendos, foi-me apresentado pelo então presidente da Câmara de Mação, Elvino Pereira, que já não está entre nós. Porquê em Envendos? Aquela freguesia ia homenagear uma figura ilustre, António Luís da Matta que, se não estou equivocado, era natural de Carvoeiro, fundador de uma empresa de sucesso no sector dos presuntos. A António Luís da Matta sucederam na direcção da empresa seus filhos Abílio e António, que, muito mais tarde, na sequência de problemas, provavelmente não só financeiros, alienaram a Presuntos Damatta a um grupo estrangeiro, falava-se então em americanos, que a acabaram por transferir para o Montijo. Actualmente, suponho, manter-se de forma residual em Envendos. Retomo as palavras iniciais referindo que a nossa presença em Envendos, presidente e vereadores da Câmara e vogais da Assembleia Municipal, nos quais me incluía, tinha o propósito de participar na homenagem à memória de António Luís da Matta, atribuindo o seu nome a uma rua da freguesia e participando na sessão solene que se lhe seguiu onde surgiram os habituais discursos laudatórios. Desde esse dia, já longínquo, não mais me cruzei com o Dr. Miguel Relvas. Vi-o, recentemente, na inauguração do novo lar da Santa Casa da Misericórdia de Mação, mas naturalmente, não nos falámos, até porque pertencemos a áreas politicas diametralmente opostas. O Dr. Miguel Relvas tem andado ultimamente nas bocas do mundo por motivos pouco recomendáveis para a sua reputação de político e, mesmo, de cidadão. Não sei quais as razões, embora o Dr. Relvas tenha nascido em Lisboa, mas fazendo os estudos secundários na cidade do Nabão, mantém uma grande ligação política a Tomar e ao distrito de Santarém. Eterno presidente da Assembleia Municipal da cidade dos Templários, antigo presidente da Região de Turismo do norte do distrito e ligado, pelo que agora se soube, a um agrupamento folclórico tomarense. Nos primeiros tempos da sua vida política não residia em Tomar, pelo menos este episódio demonstra-o, e aquando da elaboração das listas para um determinado acto eleitoral autárquico o Dr. Miguel Relvas referiu como morada Tomar, indicando o nome de uma rua e o respectivo número de porta. Mais tarde, já consumado o acto eleitoral, veio a constatar-se que o domicilio indicado pelo Dr. Relvas se tratava de uma casa completamente em ruínas, habitada, com toda a certeza, apenas pela rataria. Este acto simples na vida de tão famoso político dá para avaliar o carácter, a ética, a honestidade, isto é, desculpe-se o plebeísmo, a qualidade do bicho. Soube desta passagem da vida de tão ilustre personagem, há já alguns anos, contada por um amigo nabantino, que no século passado exerceu funções oficiais na nossa vila, e que agora me aflorou à memória em sequência de outros episódios, igualmente, criticáveis, ocorridos com tão ilustre político. Não voltarei ao Dr. Miguel Relvas, a não ser que, Pedro Passos Coelho prescinda dos seus serviços, o que se me afigura muito pouco provável.
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