O dr. Diamantino Pereira Leitão, eleito em Dezembro de 1976 como independente nas listas do PSD, deu início em Janeiro do ano seguinte ao longo consulado social-democrata que, em 2013, trinta e seis anos depois, ainda sobrevive e sempre a governar em maioria absoluta. Nestas quase quatro décadas de poder laranja o concelho foi sendo dotado de equipamentos que o poderiam ter conduzido a uma posição de relevo, no mínimo ao nível dos concelhos periféricos, mas que, como se constata, esses grandes investimentos não resultaram em factores de desenvolvimento. Do rol desses novos equipamentos fazem parte o tribunal judicial; a escola secundária; o centro de saúde; o campo de futebol renovado e onde foram criadas condições para a prática do desporto-rei a um nível elevado; piscinas cobertas, não inferiores em qualidade às dos mais desenvolvidos aglomerados urbanos; um centro cultural de excelência, com um único e importante senão ter sido construído numa cave, vá-se lá saber porquê; uma rede de lares e centros de dia disseminados através do território concelhio que dão resposta capaz aos problemas do envelhecimento, característica relevante no concelho. Uma zona industrial que, se funcionasse em pleno, poderia transformar-se num motor de desenvolvimento e progresso. Ainda uma embrionária zona industrial em Cardigos. Nestas quase quatro décadas assistiu-se ao arranque do IP6, mais tarde transformado em A23, que breve ficou ao alcance do concelho. Tudo isto, em grande parte, feito à custa de dinheiros do Estado e da União Europeia. Não se mexeu, lamentavelmente, naquilo que não está à vista e, portanto, não dá votos, o saneamento e o abastecimento de água, que continuam bastante deficientes. O concelho de Mação está equipado para se poder transformar num centro urbano de nível médio. Faltaram-lhe políticos capazes de aproveitar as suas potencialidades. Existe, porém, o lado negro da narrativa. Nestas últimas quatro décadas o concelho, paulatinamente, tem vindo a perder vitalidade, aliás a actual imagem do dia-a-dia bem o retrata, começando pela brutal queda de residentes. Aumentou a "pobreza" ou falta de recursos de parte da população, consequência dos frequentes e devastadores fogos que consumiram a sua floresta. O aforro das suas gentes concentrava-se em pinhais e eucaliptais, quando era necessário dinheiro para uma despesa inesperada ou um investimento, um corte de árvores resolvia a situação. Agora vive-se das reformas, normalmente baixas. Uma população em que o dinheiro não abunda evita consumir ou consome pouco, sofre o pequeno comércio, que enfrenta ainda a concorrência das grandes áreas comerciais que se vieram instalando nas urbes periféricas. A pouca indústria existente não entendeu os ventos da mudança e sucumbiu, a que sobreviveu não aguentou a crise que o país atravessa e deu a alma ao criador. Agricultura nunca existiu, só de subsistência. A China acabou com os tempos da resina, resineiros e resineira da Ortiga. A juntar a este trágico quadro a chamada "reforma do estado", que mais não é que extinção de postos de trabalho, também por aqui se fez sentir. Finalmente a perda de importância do concelho originou a machadada final com o encerramento de empresas cuja continuidade aqui não se justificava. De nada valeu a A23 e o caminho de ferro, óptimas vias de comunicação, aqui tão perto. Revendo o passado sente-se que faltou o político capaz de fazer valer o enorme potencial do património deste concelho. Agora, em período de grande e prolongada crise, que tomou tudo e todos, não há volta a dar, não serão precisos muitos anos para nos transformarmos numa saudade daquilo que poderíamos ter sido..
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