terça-feira, 7 de janeiro de 2014

MOBY DICK DE HERMAN MELVILLE


Chamem-me Ismael. Uma frase, três palavras e já estamos presos ao sortilégio de Melville. Antigo mestre-escola, Ismael é um jovem que decide trocar uma vida segura em terra pela experiência da aventura no mar alto. Após algumas experiências na marinha mercante, embarca num baleeiro de Nantucket o Pequod. Em Moby Dick é ele que marca a viagem do navio e a loucura do seu capitão, Ahab um homem obcecado pela ideia de vingança. A grande baleia branca monstro do oceano que escapa a todos os perseguidores, levou-lhe há muito tempo uma perna e a paz de espírito. Enquanto não a reencontrar, enquanto não lhe cravar o arpão fatal que tinja as águas de vermelho Ahab não descansa . Mesmo que isso signifique enfrentar uma tripulação que só quer fazer o seu trabalho - a faina de sempre - e voltar para casa. Melville publicou este livro portentoso a meio do século XIX (1851) e a recepção foi fria ou negativa. Para alguns críticos da época Moby Dick era um livro desequilibrado, lento, com alguns problemas estruturais de escrita. O que umas décadas mais tarde seria visto como antecipação do que aí vinha o hibridismo entre vários géneros, o olhar caleidoscopico sobre a realidade, o fôlego de uma empresa ficcional que rebenta com os espartilhos, na altura foi entendido como defeituosa execução de um escritor ambicioso. Melville sabia que tinha escrito o seu magnum opus, mas morreu sem o ver no cânone da literatura norte-americana e universal, onde está hoje de pleno direito. A sua baleia branca é a metáfora perfeita porque pode ser tudo o que quisermos que ela seja: a morte, Deus, o Mal. A bordo do Pequod vai a humanidade inteira. E no fim, consumada a tragédia só sobrevive um Ismael o  que ficou para  contar. Mais um romance que todo o que se considera um bom leitor não pode deixar à margem. A despeito das suas mais do que quinhentas páginas lê-se com agrado. A perseguição de Ahab à baleia branca é empolgante, estamos a ver o que Melville nos narra. E não deixa de ter um epílogo feliz: Ismael sobrevive para nos contar esta grandiosa história. Este livro, Moby Dick, será porventura uma excelente oferta de Natal.

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