quarta-feira, 7 de setembro de 2011

NO REINO DE ALBERTO JOÃO JARDIM



Eis-me de novo na ilha da Madeira, mais de trinta anos após a primeira visita. A viagem desde Lisboa foi excelente, o Airbus é bem diferente daquele avião de há três décadas atrás, tratava-se então de um voo charter. A aeronave dançava    qual borboleta açoitada pela brisa, o que levou os passageiros, quando aterrámos, a saudar o piloto com uma vibrante salva de palmas. O aeroporto do Funchal era, nesse tempo, mais curto e estava ainda presente na memória de todos o acidente de há poucos anos, em que um avião não conseguiu travar e se despenhou no mar, tragédia de que resultou a morte de muitos passageiros. A pista foi posteriormente aumentada com um prolongamento sobre o mar e os edifícios ampliados com evidentes melhorias para os passageiros. Sol e muito mar azul foram as primeiras impressões que recolhi da Madeira. De caminho para o Funchal, percorrendo excelentes auto-estradas, atravessando túneis (são mais de duzentos dizem-me), uma ilha completamente diferente daquela da década de 80, em que se tinha de circular com muita precaução, pois as estradas eram demasiado estreitas para o trânsito existente. O motorista, a quem vou puxando pela língua, fala-me da obra feita pelo governo regional, muitas coisas úteis, mas também muitas obras perfeitamente desnecessárias, do flagelo do desemprego, mais de 18.000 sem trabalho, numa população de 247.000 habitantes, é um valor respeitável. Neste contacto inicial com a Ilha da Madeira ficam-me os olhos na beleza que é a baía do Funchal. Rolar com a cidade à vista e atingir o Lido, com a sua famosa piscina destruída pelos temporais de 2010 e aguardando recuperação, talvez mais um projecto megalómano de Alberto João Jardim. Largar as malas e abalar em busca de aconchegar o estômago, já passava há muito das três da tarde, seria difícil no continente encontrar quem nos servisse almoço, mas naquela zona turística foi extremamente fácil. Como vim a confirmar as ementas dos restaurantes são muito parecidas, à base de peixe espada e espetadas. Comi um excelente peixe grelhado, de nome bodião,com sabor a mar, de tão fresco que era. Saiu-me o almoço um pouco caro em relação aos restaurantes portugueses. Mas enfim estava numa zona turística. Decidi ir revisitar o Funchal, ali tão perto, pois a curiosidade era imensa, saber quanto tinha mudado em trinta anos. Utilizei um autocarro de transportes públicos, completamente cheio, que me levou até próximo da zona da marina. O bilhete custou 1,80 euros. Notavam-se poucas alterações em relação à minha anterior visita. Passeei ao longo da muralha admirando a bela baía do Funchal e atingi o Forte de São Tiago já na cidade velha. Regressei por uma das ruas dessa zona, pejada de restaurantes, fui ouvindo convites para jantar aos quais fazia ouvidos de mercador. Invariavelmente falavam-me em inglês. As pernas começavam a dar sinais de cansaço e, bem perto da sede da Electricidade da Madeira, onde se encontra instalado um interessante museu relacionado com a empresa, uma agradável esplanada acolheu-me e à minha fadiga. Bebi, com gosto, uma cerveja Coral, produto madeirense. À minha frente, num grande edifício abandonado, uma alta chaminé emergia. Tratava-se de uma antiga moagem. Jantei, já tarde, num restaurante junto à Sé do Funchal. Ao ar livre, porque a noite estava bem quente. Provei o famoso bolo do caco, pão com manteiga de alho, apreciei, mas não irei repetir a experiência

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