quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

LUÍS SOARES NA GALERIA DO CCEP


Na minha juventude os  cafés tinham mesas com  tampos em mármore branco, verdadeiro, não como essa coisa que por aí há que não  passa de reles imitação. O Infante, um dos rapazes que  connosco se sentava à mesa do Café Oceano, nesses saudosos dias de Verão na Figueira da Foz, desenhava,  a lápis,  nos imaculados tampos,  uma mulher nua, mas que maravilha de desenho, corpo, rosto ou busto, voltado,  ora para a esquerda  ora para a direita,   a mesma mulher,  desenhos perfeitos, mas sempre iguais, variava o lado. Não surpreende que tivesse atingido a perfeição.  O artista moçambicano Luís Soares, agora com exposição na Galeria do  Centro Cultural Elvino Vieira (CCEV), trouxe-me à memória o meu amigo Infante, apresenta dezenas de serigrafias,  todas  iguais,  varia apenas o rosto, uma ou duas caras, viradas  para a esquerda ou para a direita, altera  o  enquadramento. Pouco variada a colecção de azulejos, rostos e só rostos, até no azulejo da caravela, o único dissonante,  a proa é um rosto.  As esculturas são interessantes, pessoas com rosto .Impressivas as  tapeçarias,  sem fugir à obsessão do artista - os rostos. Encerra este sábado a exposição. 

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