Finalmente hoje fui visitar Lieja, a terceira maior cidade do país e a primeira da Valónia, com uma população estimada em 187000 habitantes. Em Lieja o velho e o novo co-habitam harmoniosamente, emprestando uma característica única à cidade. É ainda o Mosa a dividir o burgo, na sua longa caminhada para o norte, passando sob quatro pontes que ligam as duas margens. A dois passos da praça Saint-Lambert e do coração histórico de Lieja, uma escadaria de 407 degraus, entre casario, liga a baixa da cidade a uma pequena montanha, a Cidadela, onde se encontra implantado um monumento aos soldados mortos nas guerras de 1914/18 e 1939/45, e donde se desfruta uma espectacular imagem da cidade ardente, como é conhecida, e do vale do rio Mosa. Pode-se divisar, bem longe, entre muitos telhados, a cúpula da estação de caminho de ferro, projecto do nosso bem conhecido Santiago Calatrava. Aguentei a subida daquela tremenda escadaria que, a certa altura, me pareceu infinda. Atingido o seu términus soube bem uns momentos de descanso a apreciar Lieja a meus pés. A história arquitectural de Lieja começa realmente nos começos do ano mil quando o primeiro príncipe-bispo, Notger, demonstra ser um grande construtor. A partir desse período todas as grandes correntes da arquitectura vão imprimir a sua marca à cidade: românico, gótico, renascentista, barroco clacissismo, etc.. Dentro dos monumentos mais conhecidos e merecedores de uma visita encontram-se as Colegiadas de Saint-Barthélemy, de Sainte-Croix, de Saint-Denis, de Saint-Jean-Evangéliste e Saint-Martin, a Catedral de Saint-Paul, a Igreja de Saint-Jacques e o palácio dos Princes-Êveques. A cidade possui um grande número de museus, de que se destaca o Museu da Arte da Valónia. Notável é também a Ópera Real da Valónia, que remonta a 1816 e que o visitante não deve deixar de apreciar. Como em toda a Bélgica a mistura de raças é enorme. Uma referência, ainda, para a figura do Inspector Maigret, célebre criação do escritor belga George Simenon, sentada num banco de jardim com o seu inseparável cachimbo.
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