O frio empurrado pelo vento norte corta-me o rosto. Vale o sol que emite os seus quentes raios e me vai aquecendo. Percorro as ruas desertas e, raramente, me cruzo com alguém. Tarde fria de sábado, para mim visitante originário de terras mais doces. Raras são as pessoas, vão tão resguardadas que mal lhes topo o rosto. Não tardará a hora da ceia de Natal. No inverno os dias correm rápidos. Aqui, em terras da Beira Alta, não pode faltar na mesa o arroz de polvo, além claro está, do bacalhau acompanhado das saborosas batatas e das excelentes couves, tudo regado por um divinal azeite. Após a ceia, alguns mais corajosos enfrentaram o frio, que corta como facas, e foram assistir à missa do galo. Já a meia noite chegava a outras gentes e as bem embaladas prendas abandonaram o seu poiso, em redor da árvore de Natal, para irem parar às mãos dos seus satisfeitos (ou talvez não) destinatários. E quantos euros, meu Deus, saltaram daqueles bem cuidados embrulhos e voaram para a China.
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