2012 - FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE

Fé, nos esforços de cada um de nós para que 2012 não  seja tão horrível como nos vêm pressagiando. Esperança, de conseguirmos atingir o final de 2012 sem ficarmos seriamente molestados. Caridade, com aqueles, muitos, que efectivamente vão passar grandes necessidades em 2012, ajudando-os, dentro do que nos for possível.

CIRQUE DU SOLEIL

                                      Intervalo do Alegria no Pavilhão Atlântico

Hoje, um dia que me é muito especial, a família surpreendeu-me, e fomos todos assistir ao espectáculo Alegria do Cirque du Soleil. Deviam ter-me sondado e ficariam sabendo que os espectáculos de circo não são do meu especial agrado. Mas o facto é que o Cirque du Soleil não é um circo na verdadeira acepção da palavra, é mais um show entremeado com alguns bons números circenses, como por exemplo os contorcionistas, os malabaristas, os barristas e os trapezistas. O resto é um grande espectáculo, com muitos figurantes, muita música, muita luz e um cheiro especial a luxo e riqueza. A despeito dos ingressos terem preços consideravelmente elevados o Pavilhão Atlântico apresentava uma assistência bastante numerosa, o que parece querer significar que a crise ainda não afecta muitos portugueses. 

DA GUARDA ATÉ LISBOA

A greve dos maquinistas da CP que se estendeu desde 23 a 25 de Dezembro, afectando milhares de portugueses, prolongou-se inexplicavelmente até hoje, deixando a Guarda sem comboios. Fui, por essa situação,  forçado a utilizar o autocarro, um transporte que não me é particularmente agradável. O dia, embora acentuadamente frio, suportava-se mercê da presença de um sol liberto de nuvens. A viagem, em grande parte utilizando a  agora portajada A23, tomar-nos-ia quatro horas e meia.  Primeira saída da  auto-estrada para passarmos pela vila de Álvares Cabral, Belmonte, e aí recebermos alguns passageiros. Ainda utilizando as denominadas estradas nacionais rolámos até à Covilhã, para na zona nova da cidade, nos socalcos da serra, com a faculdade de Medicina à vista, entrarem mais jovens viajantes de mochila às costas. De novo na A23 esquecemos o Fundão e seguimos para a capital do distrito. Mais gente para entrar em Castelo Branco. Velhos e novos. Os que ficavam pelo caminho deixavam os seus lugares aos novos passageiros. O terminal de camionagem de Castelo Branco é a imagem da degradação e da sujidade, uma vergonha para a cidade. Esperava-me ainda uma surpresa, a saída da auto-estrada para,no alto do Fratel receber passageiros. E a partir desta terra bem minha conhecida foi sempre a engolir quilómetros até Lisboa. Quando passei junto à saída para Mação fantasiei pedir ao motorista para efectuar um pequeno desvio e deixar-me em casa. O pensamento é livre.

MAIS UM DIA DE NATAL

                                                Natal em Freixedas
                                                                      

Tantos são já os dias de Natal passados na vida, que quase lhes perco o conto. Alguns, há muitos anos, longe daqueles que estimaríamos ter por perto; outros rodeados de muita família; reduzidos aos familiares mais próximos ainda outros; alguns, desgraçadamente, com doentes ausentes ou presentes; poucos, bem pior, com a partida definitiva de quem era imprescindível nas nossas vidas e também alguns com a alegria dos que vão nascendo e, assim, nos dão a certeza de nos prolongarmos para além do eterno. O meu Natal agora é bem diferente, a memória activa-se  e conduz-me a outros natais em que, efectivamente, me sentia feliz.

NATAL EM FREIXEDAS

                                              Freixedas  -  Igreja Matriz

O frio empurrado pelo vento norte corta-me o rosto. Vale o sol que emite os seus quentes raios e me vai aquecendo. Percorro as ruas desertas e, raramente, me cruzo com alguém. Tarde fria de sábado, para mim visitante originário de terras mais doces. Raras são as pessoas, vão tão resguardadas que mal lhes topo o rosto. Não tardará a hora da ceia de Natal. No inverno os dias correm rápidos. Aqui, em terras da Beira Alta, não pode faltar na mesa o arroz de polvo, além claro está, do bacalhau acompanhado das saborosas batatas e das excelentes couves, tudo regado por um divinal azeite. Após a ceia, alguns mais corajosos enfrentaram o frio, que corta como facas, e foram assistir à missa do galo. Já a meia noite chegava a outras gentes e as bem embaladas prendas abandonaram o seu poiso, em redor da árvore de Natal, para irem parar às mãos dos seus satisfeitos (ou talvez não) destinatários. E quantos euros, meu Deus,  saltaram daqueles bem cuidados embrulhos e voaram para a China.

OUTROS NATAIS

                                       Paços do Concelho  de Mação

Os fados assim o decidiram, há muitos anos, mais de uma dezena, que não estou pelo Natal em Mação. Guardo muitas e inesquecíveis recordações de muitos natais nesta vila da Beira Baixa, que neste tempo, inevitavelmente reverei com muita saudade. Mas a vida não é o que ambicionamos, a vida corre-nos entre os dias com muitas tristezas e alegrias. Breve partirei para terras frias mas onde irei encontrar o calor natalício daqueles que me continuarão.

MEMÓRIA - 22 DE DEZEMBRO DE 1967

VEREAÇÃO MUNICIPAL

Tomou posse recentemente  nova vereação camarária composta pelos srs. Armandino Viegas dos Santos, Elvino Vieira Pereira, dr. Emanuel Sales Catarino e Manuel Marques, todos domiciliados nesta vila e aqui exercendo as suas actividades.

In Diário de Coimbra - 22/12/1967

MEMÓRIA - 21 DE DEZEMBRO DE 1962

A ACÇÃO DAS BIBLIOTECAS ITINERANTES

Periodicamente continuamos a ser visitados por uma biblioteca itinerante a qual alargou agora a sua acção a mais algumas terras do concelho Assim, estão actualmente a ser visitadas por um dos carros-biblioteca as povoações da Amêndoa, Cardigos, Chão de Codes, Ortiga e Penhascoso. É desnecessário encarecer o que representa para algumas destas localidades, bastante afastadas dos centros populacionais, a vinda da biblioteca, como veículo de cultura para os seus habitantes. A propósito, não seria possível a instalação nesta vila de uma biblioteca fixa, ao cuidado da Câmara, aproveitando-se para isso a Biblioteca Municipal existente e há já bastante tempo encerrada? Deixamos o alvitre a quem se possa interessar por ele.

In Diário Ilustrado - 21/12/1962

FELIZ NATAL

Para todos os funcionários públicos e reformados e, já agora, aproveito, férias muito agradáveis em 2012, são os sinceros votos do vosso «amigo» Vítor Gaspar.

MEMÓRIA - 19 DE DEZEMBRO DE 1974

MUITA GENTE A RECENSEAR-SE

Segundo informações que colhemos junto dos diversos postos de recenseamento espalhados pelo concelho, a população está a recensear-se em elevado número. Manda a verdade, no entanto, que se diga que o cumprimento daquele acto cívico por uma parte da população é feito apenas para se furtar ao pagamento da multa que incidirá por todos aqueles que, devendo, não se inscrevem nos cadernos eleitorais. Em Mação, o posto de recenseamento está instalado no edifício dos Paços do Concelho e funciona, diariamente, das 19 às 23 horas.

In Diário do Ribatejo - 19/12/1974

OS PRESÉPIOS DA MINHA VIDA

Um caixote de madeira, que havia servido para embalar barras de sabão, oferta do  merceeiro, seria o local onde o nosso Pai montava o presépio. Todo o cenário era feito em papel grosso, convenientemente enrugado, para ficar com o aspecto de montes e vales e colocado sobre uma estrutura montada  no interior do caixote e, depois, pintado em tons verdes e castanhos. O mais importante estava feito. Em seguida faziam-se os caminhos que subiam até ao céu e desciam até à gruta onde pastores, com as suas ovelhas, rodeavam José, Maria e o Menino Jesus. Como era de tradição os Reis Magos só seriam colocados no presépio  quando o dia de Reis se aproximava. Papel azul servia de céu e as pratas dos maços de cigarros, recortadas, transformavam-se nas estrelas e na lua. Um espelho, rodeado de areia, era o rio, elemento fundamental no presépio. E havia muitos bonecos de barro, representando as mais variadas gentes e profissões, a prepararem-se para adorar o Deus Menino. E musgo, muito musgo na base do presépio, que nós íamos arrancar nos locais húmidos e sombrios. Todos os natais, a construção do presépio,  "ajudando o nosso Pai", era a nossa alegria, a minha e dos meus irmãos. E na noite de Natal, junto ao presépio, deixávamos os nossos sapatos para recebermos o que havíamos pedido ao Menino Jesus. Passada a época natalícia, embalávamos, com o máximo cuidado, toda aquela bonecada de barro que esperaria doze longos meses para nos dar nova alegria. Fui mantendo ao longo da vida esta tradição do presépio, outrora com presépios mais completos e elaborados, ultimamente com pequenos presépios made in RPC que, para mim, apesar de simples, ainda contêm o mesmo significado. Agora, pena minha, as árvores de Natal substituiram os presépios bem portugueses que existiam nas nossas casas.

A DECADÊNCIA DE UMA VILA - III

Na Rua Monsenhor Álvares de Moura (antiga Rua Nova) o prédio com o nº. 18.

MEMÓRIA - 15 DE DEZEMBRO DE 1988

FEDER DÁ 21 MIL PARA ESGOTOS E ETAR

A Comissão das Comunidades Europeias acaba de aprovar um projecto financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) destinado à construção da rede de drenagem de esgotos e estação de tratamento de águas residuais em Mação, no montante de 21 mil contos. Também já foi autorizada pela Secretaria de Estado de Turismo a construção de uma estalagem de três estrelas, na zona do Alto da Boavista, junto à pista de auto-cross, projecto apresentado pelo município local e que contempla, ainda, a construção de um "court" de ténis. Esta iniciativa insere-se no projecto em que o município de Mação aposta, de transformar este concelho numa zona turística, aproveitando para isso as albufeiras, as termas da Fadagosa e da Ladeira de Envendos e a grande mancha de pinhal que o povoa. A construção da estalagem está dependente, entretanto, das ajudas comunitárias.

In O Ribatejo - 15/12/1988

REFORMADA AOS 42 ANOS A DRA. ASSUNÇÃO ESTEVES

Li hoje e nem quero acreditar. A dra. Assunção Esteves, actual presidente da Assembleia da República para despachar o dr. Fernando Nobre do PSD, reformou-se como juíza do Tribunal Constitucional, aos 42  anos (!), com uma considerável pensão, em consequência de uma norma iníqua da lei do TC. Como exerceu funções no Parlamento Europeu e, actualmente, é presidente da Assembleia da República, será que acumula mais uma pensão e um vencimento com as respectivas mordomias? Evidente, no meio desta profunda crise os políticos salvam-se sempre e o povo é que se trama.

MEMÓRIA - 13 DE DEZEMBRO DE 1967

MOVIMENTO NACIONAL FEMININO

À semelhança dos anos anteriores o núcleo de Mação do Movimento Nacional Feminino fez um apelo às classes trabalhadoras para que contribuam com uma hora de trabalho voluntário destinado ao "Natal do Soldado". Espera-se, como é já usual, o melhor acolhimento de todos os trabalhadores a este pedido.

In Diário do Ribatejo - 13/12/1967

A LÁPIS DE COR EXPÕE TRABALHOS DE ARTE

                                 Rio Ocreza - Óleo sobre Tela - Autor Carlos Aleixo

Até ao dia 10 do mês em curso a Oficina de Pintura Lápis de Cor,  desta vila, tem patente, no salão dos Bombeiros Voluntários,  um conjunto de trabalhos efectuados pelos seus alunos. A exposição abarca dois tipos de discentes, os adultos e um conjunto de jovens, a estudarem naquele atelier de pintura. Os mais jovens, que ultrapassam a dezena, expõem alguns interessantes trabalhos, mas não observei  nenhuma obra que me desse a sensação de estar perante alguém com qualidades para se vir a notabilizar no mundo das artes. Os artistas mais experientes mostram uma  pintura institucional, com o uso específico de diversas técnicas,  disposta no amplo  salão dos Bombeiros. De um modo geral todos os pintores utilizam o estilo figurativo,  o que torna a exposição um pouco monótona, pois não existe diversidade nos trabalhos expostos. Algumas das obras reflectem muito primarismo, mas bem distantes do estilo naif. Há, no entanto, um pequeno grupo de artistas que mostra uma acentuada evolução. Aqueles que me impressionaram pelas qualidades que denunciam chamam-se Ricky, Gady e Carlos Aleixo. De qualquer modo não é tempo perdido subirmos ao primeiro andar dos Voluntários de Mação e apreciarmos o que se vai fazendo por aqui, em termos de aprendizagem de pintura. 

COMO PROVA DE CONSIDERAÇÃO E AMIZADE

Na sua habitual reunião com os representantes dos partidos políticos, com assento na Assembleia da República, sempre que se vai efectuar uma Cimeira Europeia, desta vez nas próximas quarta e quinta feira, Pedro Passos Coelho informou, entre muitos variados assuntos, que, desta vez, e como prova de grande consideração e amizade que nutre pela senhora Ângela Merkel, se apresentará numa das reuniões vestido à moda de Munique, a conhecida cidade da festa da cerveja.

NECROLOGIA INDUSTRIAL - II

A Fábrica Mirrado, fundada em 1889 por Vicente Mendes Mirrado, foi, durante muitos anos, a mais importante unidade industrial do concelho. Chegou a empregar  mais de 120 trabalhadores, quase todos nascidos nesta vila. Muitas gerações de maçaenses originárias das classes mais débeis trabalharam na Fábrica (como aqui era tratada) alguns toda a vida, outros com passagens mais ou menos efémeras. Especializada no fabrico de lanifícios para senhora de altíssima qualidade, forneceu as mais conceituadas empresas de confecção e os melhores armazenistas de tecidos do país. Exportou para todo o Mundo - Espanha, Grã-Bretanha, Suécia, Líbano, Iraque, Jordânia, Síria, Irão, Canadá, Angola, Moçambique, Hong Kong e Nova Zelândia. Vítima das alterações da moda, os lanifícios deixaram de estar em voga e passaram a usar-se algodões e fibras artificiais. A produção também se deslocalizou à procura da mão de obra barata, norte de África e Ásia foram os destinos. Estes dois factores originaram a morte da indústria de lanifícios em Portugal. Dirigida durante mais de meio século pelo Dr. José Pedro Mendes Mirrado, após o seu falecimento passou a ser administrada pelos netos do fundador Drs. José e Manuel Vicente Mirrado Canas. Cessou a laboração em Janeiro de 2005, após um longo percurso de 116 anos.

LEMBRANÇA

Hoje, há algumas décadas, o nosso pequeno mundo transformou-se numa alegre babel. 

ARTE URBANA V

Praça da Figueira. Lisboa. 2011. Autor não identificado. Painel fotográfico em contraste com a imagem real.

O AZEITE DOS DUROS TRABALHOS

                                 Apanha da Azeitona - Óleo sobre Tela  - Autor Carlos Aleixo

É uma autêntica paixão. Este ano agravada pela qualidade e abundância dos frutos. Muita gente anda numa roda viva, está na época da apanha da azeitona. Já lá vai o tempo, há muitas dezenas de anos, que, manhã cedo, abalavam os ranchos, fazendo-se notar por aquele silvo prolongado arrancado ao búzio, que não mais ouvi, soprado por algum dos homens da companha, sinal característico dos ranchos, para regressarem ao final do dia, após uma jornada de intenso trabalho na colheita da azeitona. Actualmente grande parte das olivas fica nas árvores, ou porque não há quem as colha, ou porque os proprietários dos olivais morreram ou já não habitam por estes lugares. Não é fácil arranjar pessoal para as colher. Há muita gente, mais ou menos nova, mas que não pode trabalhar, porque não gosta, porque não precisa, porque está no fundo do desemprego ou porque recebe o rendimento social de inserção, abreviando, por aqui é difícil conseguirem-se braços para este trabalho. É, pois, muito complicado a colheita do fruto nos olivais. Daí muita ficar nas árvores até cair. O que vai valendo, ainda, são os familiares que dão uma ajuda, revezando-se na apanha das várias propriedades dos parentes. Há depois que escolher os lagares. Aqui, na vila de Mação já existiram três, agora não há nenhum. Tem que se levar a azeitona a moer a um dos vários que existem no concelho ou, mesmo, na vizinha freguesia de Mouriscas. Queixam-se os lavradores que os lagares é que ficam com a parte de leão.  Naturalmente, pelo grande amor que nutrem pelas "suas" oliveiras não fazem contas a quanto lhes sai cada litro de azeite, com a agravante da produção ultrapassar largamente o seu consumo e a consequente dificuldade em venderem o excedente. Muito possivelmente ficaria mais barato comprarem-no num super-mercado. Mas nutrem a ilusão de consumirem o que foi produzido com o seu suor, o que, também, já não é verdade. 

HOJE

Faríamos uma pequena festa, lembrando-nos daqueles que estão muito longe. Haveria telefonemas de felicitações. Na mesa, que estaria farta, com as mais diversas iguarias, e os melhores vinhos, duas velas, e, cada uma delas, teria inscrito um número, o dos anos que se celebrariam. Recordaríamos, talvez, o passado. Tantos anos, tantos que lhes havíamos perdido a conta. Não faríamos projectos para o futuro, porque o futuro seria já amanhã. E tudo findaria num beijo que representaria uma vida de muitos anos. Seria um dia feliz, concerteza, a juntar a tantos que tivemos numa tão prolongada união. Mas os fados não quiseram que esta festa se realizasse. 

NA MORTE DE FERNANDO PESSOA

 

                                Fernando Pessoa no Martinho da Arcada - óleo de Almada Negreiros

Neste dia, mas em 1935, morreu em Lisboa, no Hospital de São Luís dos Franceses, vítima de uma grave crise hepática, por anos de exagerado consumo de álcool, o grande poeta Fernando Pessoa. Viveu parte da infância e adolescência na África do Sul. Deste facto observa-se o bilinguismo da sua obra. Regressou a Lisboa em 1905, onde trabalhou, toda a sua curta vida, como correspondente de línguas estrangeiras em empresas comerciais, profissão que muito lhe agradava pelo tempo que lhe deixava livre para a criação e o convívio intelectual. Com Mário de Sá-Carneiro promoveu o Modernismo português através da revista Orpheu. Antes, Fernando Pessoa, havia-se já dividido em várias personalidades, os heterónimos: Alberto Caeiro - bucólico; Ricardo Reis - autor de odes horacianas e Álvaro de Campos - engenheiro, poeta da energia e da trepidação mecânica do mundo actual. Fernando Pessoa demonstrou uma genial riqueza interior e poder admirável de uma expressão nova e multiforme.

MEMÓRIA - 30 DE NOVEMBRO DE 1967

MELHORAMENTOS NECESSÁRIOS

Agora que o "Diário do Ribatejo" surge como voz actuante e persistente na defesa dos interesses legítimos de todas as terras do distrito, foquemos, ao correr da pena, alguns problemas que, a serem resolvidos, redundariam em benefício para o concelho de Mação e suas gentes: electrificação, rodovias, água, ensino secundário oficial, mercado coberto, sala de espectáculos, agência bancária, clube desportivo, associação recreativa, pensão- restaurante, etc.. Alguns destes pontos encontram-se em vias de resolução, outros, contudo, não se vislumbra quando serão concretizados ou mesmo iniciados. Confiemos no entanto na efectivação de alguns deles, agora que o concelho tem conseguido um nível de melhoramentos jamais atingido.

In Diário do Ribatejo - 30/11/1967

PROVEDOR DA MISERICÓRDIA EM ASSEMBLEIA GERAL ANUNCIA INAUGURAÇÃO DE NOVO LAR

                       Novo Lar da Santa Casa da Misericórdia de Mação no Antigo Hospital

Assisti na passada semana à assembleia geral da Santa Casa da Misericórdia de Mação, com uma extensa ordem de trabalhos. O seu primeiro ponto foi consensual, os órgãos sociais para o próximo triénio, 2012/2014, foram eleitos quase por unanimidade. Tratava-se, como é hábito no nosso País, de uma lista dentro dos parâmetros de "evolução na continuidade". Isto é, os mesmos vão prosseguindo. É de bom tom, por aqui, transformar-se uma lista monocolor numa lista abrangente e existe sempre alguém, imagino o porquê, a prestar esse favor. Mas não são estes assuntos comezinhos que me interessam aqui comentar. O importante é que o orçamento previsional para 2012 prevê receitas no montante de 1.609.505,93 euros valor que, face às despesas previstas, gerará um resultado positivo de 125.599,61 euros, antes de depreciações, gastos financeiros e impostos. É relevante notar que os utentes contribuem com 677.125,91 euros para estas receitas a que se deverão  adicionar 719.341,67 euros relativos a subsídios do Estado, um valor nada dispiciendo. Também é de realçar o quanto contribui a Santa Casa da Misericórdia para a depauperada economia deste concelho, atendendo a que os custos com o pessoal atingem o valor de 958.027,02 euros. O representante da empresa responsável pela contabilidade da SCMM teve oportunidade de afirmar que as várias IPSS existentes nas freguesias de Mação, são as principais empregadoras no concelho. não tenho dúvidas, atendendendo ao nosso reduzido parque comercial e industrial. O provedor aproveitou a oportunidade para anunciar a entrada em funcionamento do novo lar e residências, até ao final do primeiro trimestre do próximo ano, resultante da requalificação do antigo hospital da Misericórdia,  actualmente em final de obras. Funcionará em regime de lar privado, com mensalidades que não estarão ao alcance de todas as bolsas. A morgue e a lavandaria foram transformadas em residências para serem utilizadas por casais. Este investimento representa um esforço financeiro de cerca de 650.000 euros. A terminar a sessão, e por solicitação do presidente da mesa da assembleia geral, foi guardado um minuto de silêncio em memória de um dos irmãos falecidos recentemente. Mas tendo informado que, desde a última assembleia geral, cinco irmãos haviam falecido, o que não é habitual, frisou, não me parece correcto que apenas se tenha honrado a memória de um irmão, por mais notável que tenha sido em vida. Na morte todos somos iguais. Mas de quem partiu o pedido não se esperava algo diferente. 

MEMÓRIA - 29 DE NOVEMBRO DE 1967

NÚCLEO CONCELHIO DO MOVIMENTO NACIONAL FEMININO

À semelhança dos anos anteriores o núcleo de Mação do Movimento Nacional  Feminino fez um apelo às classes trabalhadoras para que contribuam com uma hora de trabalho voluntário destinado ao "Natal do Soldado". Espera-se, como é já usual, o melhor acolhimento de todos os trabalhadores a este pedido.

In Diário de Coimbra - 29/11/1967

A DECADÊNCIA DE UMA VILA - II

A Rua Padre António Pereira de Figueiredo, em Mação, numa tarde de sábado outonal.

PORTAGENS VÃO SER COBRADAS NA A23

O governo pode começar já na próxima semana a cobrar portagens na auto-estrada da Beira Interior, assim como nas restantes SCUT ainda não portajadas. O diploma vai ser publicado, dia 28 próximo em Diário da República, em consequência da sua promulgação em 16 de Novembro por Cavaco Silva. As receitas das ex-SCUT revertem para o pagamento da divida das Estradas de Portugal, um valor que atinge 2.000 milhões de euros.

TIRAR AO POVO PARA DAR AOS POLíTICOS

                        

MEMÓRIA - 24 DE NOVEMBRO DE 1988

CINEMA PORTUGUÊS

Durante os meses de Novembro e Dezembro decorrerá nesta vila, em produção do Grupo de Jóvens de Mação, um Festival de Cinema Português. A iniciativa, que conta com os apoios, entre outros, da Câmara Municipal de Mação, Governo Civil de Santarém e Associação Cultural de Mação, será levada a efeito no Cine-Teatro de Mação, sendo livre as entradas para os espectáculos. Os primeiros filmes a apresentar são Retalhos da Vida de um Médico e O Miúdo da Bica.

In O Ribatejo - 24/11/1988

DOCUMENTO VERDE DA REFORMA DA ADMINISTRAÇÃO LOCAL

                                         Edifício dos Paços do Concelho de Mação

O Governo acaba de tornar conhecidas as ideias mestras da reforma da administração local, uma das exigências da Troika. No caso concreto do concelho de Mação, actualmente com uma população inferior a 10.000 habitantes, o número de vereadores do órgão executivo reduzir-se-á de quatro para dois, sendo que o número de vereadores em regime de tempo inteiro sofrerá uma redução de cinquenta por cento, passará de dois para um vereador. Outra das novidades, o presidente do município será o cidadão que encabeçar a lista mais votada para a Assembleia Municipal. Os restantes membros do órgão executivo serão escolhidos pelo presidente entre os membros eleitos da Assembleia Municipal. No futuro, teremos um executivo homogéneo, de um só partido ou coligação, sujeito a fiscalização mais profunda, por parte da Assembleia Municipal, que ganhará novos poderes. Voltaremos ao assunto, para analisarmos, com mais profundidade, esta proposta de trabalho do Governo.

GREVE GERAL CONTRA A RESIGNAÇÃO

Espera-se uma  participação, sem precedentes, para mostrar ao Governo que as medidas de austeridade, tão gravosas, não devem incidir apenas sobre aqueles Portugueses que têm como único rendimento o trabalho.

ARTE URBANA IV

Pedro Pires nasceu em Luanda em 1978. Vive e trabalha em Londres e Lisboa. Mestre em artes plásticas pelo Central Saint Martin College, de Londres. Licenciado em escultura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Expôs individualmente em Portugal e Grécia. Escultura pública "Homem Muralha", Parque das Nações, Lisboa, 2008.

MEMÓRIA - 20 DE NOVEMBRO DE 1980

CÂMARA DE MAÇÃO ADQUIRE CINE-TEATRO

Após demoradas negociações a Câmara Municipal de Mação acaba de adquirir à Santa Casa da Misericórdia desta vila o Cine-Teatro local.O edifício, de boa traça e amplas instalações, situado no centro da vila, encontra-se a ameaçar ruína em muitos pontos. Arrendado, há alguns anos, a um Centro de Trabalhadores, nele eram exibidos semanalmente filmes e, uma vez por outra, servia de teatro para acolher companhias itinerantes. Entretanto e porque o telhado, especialmente, ameaçava desabar, as sessões cinematográficas foram suspensas. Deseja-se que o edifício seja recuperado rapidamente a fim de que o Munícipio possa pôr em prática um plano de desenvolvimento cultural da população, já que passa a dispor de excelentes instalações  para o efeito.

In Portugal Hoje - 20/11/1980

O GLOBE TROTTER PAULO PORTAS

Paulo Portas já visitou 14 países desde que tomou posse. A viajar pelo Mundo totalizou 90 mil quilómetros!| As sua viagens começaram um mês após a tomada de posse. Primeiro Luanda, depois Maputo, em seguida o Brasil e o Paraguai e ainda os Estados Unidos da América, por duas vezes. Nos intervalos destas viagens, voou para Berlim e Londres. Arranjou tempo para visitar Tripoli, na Líbia e disponibilidade para se deslocar a Marrocos , Tunísia e Argélia, o denominado Magrebe. E finalmente, ainda passou pela Venezuela e Colômbia. "O desaparecido" chamam-lhe os partidos da oposição. Eu, mais simplesmente, gostaria de saber quanto é que custou a cada português este périplo pelo mundo. 

MEMÓRIA - 19 DE NOVEMBRO DE 1967

ELECTRIFICAÇÃO DO CONCELHO

Prosseguem, em bom ritmo, os trabalhos de electrificação da freguesia da Amêndoa. Este importante benefício trará um grande incremento à  parte norte do concelho onde se situam algumas indústrias de acentuada projecção, nomeadamente as de serração de madeiras. Representará igualmente uma substancial melhoria nas condições de vida do povo de toda a zona a abastecer de energia eléctrica, a alavanca de progresso dos tempos modernos.

In Diário de Coimbra - 19/11/1967

MEMÓRIA - 18 DE NOVEMBRO DE 1974

FALECEU O DR. EMANUEL CATARINO, EX-PRESIDENTE DO MUNICÍPIO

Faleceu nesta vila o sr. Dr. Emanuel Catarino. O extinto exerceu as funções de Presidente da Câmara Municipal até 25 de Abril, tendo pugnado bastante pelo desenvolvimento desta região. O funeral realiza-se hoje.

In Diário do Ribatejo - 18/11/1974

33º. ANIVERSÁRIO DA ADM

Fundada em 18 de Novembro de 1978. Nasceu de habituais encontros, ao fim da tarde, de um grupo de amigos, na Praça Gago Coutinho. Foi estruturada em reuniões semanais na Taberna do Invejado. Teve a sua primeira sede no Largo de Santo António, em instalações cedidas pelo sócio e fundador, José Pedro Marques da Silva. Sucessivas gerações de dirigentes têm mantido a ADM activa e sempre em excelente plano, durante uma já longa existência. Uma palavra de saudade para os fundadores que já nos deixaram - Agostinho Pereira Carreira e António José Marques dos Santos, neste dia de júbilo para todos os amigos da ADM.

COQUETEL EXPLOSIVO PSD + BPN

A mistura do PSD com o BPN resultou numa bebida explosiva, tão forte e tão prejudicial, que os Portugueses estão a sentir, nos bolsos, os seus nocivos efeitos. Algumas figuras de topo do PSD, barmen responsáveis por aquele coquetel, já estão enredadas nas malhas da Justiça. Hoje,  o conhecido Domingos Duarte Lima, advogado, antigo deputado e líder da bancada do PSD, famoso ou mais famoso ainda, pelas notícias que vêm chegando do Brasil, foi preso na sua residência em Lisboa, quando toda a gente o supunha fugido para parte incerta, sob a acusação de fraude fiscal, falsificação de documentos, burla e tráfico de influências. Mantém-se preso e amanhã será ouvido pelo juiz Carlos Alexandre.  

MAÇÃO CAPITAL DA OFERTA DE PRESUNTOS

                                   Distribuição de presuntos à porta dos Paços do Concelho

Os vereadores socialistas na Câmara de Mação denunciam a compra, pela autarquia, de uma tonelada de presuntos, no valor aproximado de seis mil e duzentos euros. Adiantam os referidos edis, que os presuntos são destinados a ofertas e acrescentam que já foram beneficiados com estas apreciadas dádivas (o famoso presunto Marca Mação) alguns organismos públicos e, também, diversos órgãos de comunicação social. Nada a criticar, nestes tempos de profunda crise. Há por aí muita fome encoberta. Certamente os contemplados estariam a atravessar um período de grande carência alimentar. Sendo esse o caso, como supomos, estão plenamente justificadas as ofertas.

Cartoon publicado por O Mirante

MEMÓRIA - 16 DE NOVEMBRO DE 1974

FESTIVAL DE CANTO LIVRE

Em organização da Comissão Democrática de Mação, realiza-se no próximo domingo, dia 17, pelas 16 horas, no Cine-Teatro local, o segundo Festival de Canto Livre, estando já anunciados alguns artistas que se distinguiram no tempo do estado velho pelas suas notáveis interpretações de canções de luta, e neste caso referimo-nos, particularmente, a Adriano Correia de Oliveira e José Jorge Letria. Actuam ainda neste Festival Zé Barata Moura, Samuel e Pedro Barroso. Pelos artistas programados, tudo leva a crer que esta vila vai assistir a um importante festival de canto livre.

In Diário do Ribatejo - 16/11/1974

PORTUGUÊS GANHA WILDLIFE PHOTOGRAPHER

                                                    Orcas at Sunset-Óscar da Wildlife Photographer

Nuno Sá, licenciado em Direito pela Universidade Católica, de Lisboa.  Concluído o curso mudou-se para os Açores à procura de contacto com o mar. Frequentou, então, o curso de Biologia Marítima na Universidade dos Açores. Teve as suas primeiras ligações ao mundo subaquático no tempo em que cursava Direito. Este ano, pela segunda vez, Nuno Sá, foi premiado nos Óscares da fotografia para imagens da natureza, o Wildlife Photographer of the Year. Somente a partir de 2008 se tornou fotógrafo profissional quando conquistou o prémio da W.P. Nuno Sá é um fotógrafo espantoso, daí a minha homenagem.

LINHA DA BEIRA BAIXA

                                Estação de Caminho de Ferro de Alvega-Ortiga já desactivada

Desde o início do mês que as viagens Intercidades estão a utilizar automotoras, já dos anos 70  e que a CP modernizou, deixando de circular os clássicos comboios - carruagens puxadas por locomotiva. Porém estas automotoras não conseguem ultrapassar os 120 quilómetros por hora, enquanto que os Intercidades atingiam 160 quilómetros. Conheço bem a incomodidade destas automotoras, assentos desconfortáveis, exíguas, barulhentas, trepidantes, o que transforma as viagens num martírio. Já as utilizei, por mais do que uma vez, desde Alvega-Ortiga até ao Entroncamento. Economizar é a justificação da CP para a implementação desta medida. Economizar, sempre a mesma palavra, à custa da comodidade do cliente. Não se venha queixar a CP se a afluência de passageiros diminuir drasticamente, ao trocarem a incomodidade das automotoras pela comodidade dos autocarros da Rede Expresso.

NÓS NÃO SOMOS A GRÉCIA

In Blog Puxapalavra  - 10/11/2011

PODER DE COMPRA DOS MUNICÍPIOS EM 2009

                                    Rua Pe. António Figueiredo a principal rua de Mação

O INE acaba de publicar os dados, relativamente a 2009,  sobre o Poder de Compra Concelhio. Não há motivo para festejar, mas Mação não está tão mal como faria prever o  presente quadro do comércio e indústria no concelho. Lisboa, naturalmente, apresenta o indicador per capita mais elevado 232,5 pontos, enquanto que Sernancelhe não ultrapassa os 47,36, quedando-se, em consequência, na última posição do ranking. Mação com 66,04 situa-se em posição inferior à do Sardoal (66,98), mas coloca-se à frente do Gavião (64,52) e de Vila de Rei (60,11), os concelhos que nos são mais próximos. A capital do distrito - Santarém - está muito longe, com os seus 100,94, já Abrantes aproxima-se de nós atingindo 86,01. 

A DECADÊNCIA DE UMA VILA - I

                                    Antigo Café-Restaurante-Residencial-Patrício

Rua Padre António Pereira de Figueiredo. Rua principal de Mação. Foi café-restaurante-residencial. Propriedade de um nomeado  industrial de restauração em Lisboa. Conhecido pelo Café do Inglês, nos seus melhores tempos. Encerrou há muitos anos, já não sei quantos. Está para vender há muito tempo, tanto que o anúncio da Remax já perdeu a cor.

CARTA DE ITÁLIA

                                                       Catedral de Milão

De Milão recebo carta de Silvana. Desta vez não é uma mensagem de optimismo ou de saudade. Vem-me à memória - sonho ou realidade - aquela tarde de fornalha quando conheci Silvana  na Piazzale Corveto. Ambos esperávamos transporte. Eu para a via Dante. Ela não sei para onde. O meu italiano, que era afinal uma mistura de português - espanhol - francês - italiano, não era compreendido por ninguém. Quem percebia os meus desejos de um autocarro que me conduzisse ao Castelo nas proximidades da via Dante, se o que eu estava falando era idioma de parte nenhuma. Silvana supôs que eu fosse sul-americano e veio em socorro. Falou-me em espanhol aberto e rápido. Disse-lhe ser português em busca de uma cidade que me assombrava pelo conforto moderno-antigo, pelo labor dos milaneses, pelas grandes bibliotecas e museus, quem poderá ficar indiferente ao percorrer a galeria de pintura Brera, pelo famoso teatro lírico La Scala, pela grande catedral gótica, pelo mosteiro de Santa Maria della Grazie e por tantos maravilhosos edifícios de que Milão é fértil. Tomámos o mesmo transporte e fomos conversando mais sobre Portugal do que a respeito do seu país. Rapidamente estávamos defronte do Castelo da via Dante. Silvana foi tão gentil que se prontificou a servir de cicerone na visita ao magnífico Castelo. Nasceu assim a nossa amizade agora apenas mantida por cartas que, de longe em longe, trocamos. Silvana tem sido sempre uma mulher corajosa e optimista, mas agora, tal como a Itália, mostra-se céptica e escreve-me cartas como esta: «Na Itália temos agora um novo governo que acaba de apresentar o seu programa. Parece sério, desta vez, e a situação actual que está bastante grave, deixa ver algumas pequenas luzes de esperança. Mas será necessário que toda a população esteja pronta a participar nos sacrifícios da colectividade se se quiser de novo trilhar os caminhos para o bem estar. Acusam-nos de pessimismo, mas creio que o pessimismo está bem justificado neste momento. A situação é difícil, os problemas são graves, os preços sobem continuamente e por consequência os sindicatos exigem salários mais elevados que as empresas não estão em condições de satisfazer sem o perigo de encerrarem. Durante as festas de Natal a maior parte das empresas fechará durante duas semanas: não têm encomendas suficientes e, por isso, preferem conceder férias suplementares aos trabalhadores, do que abrir as fábricas com o pouco trabalho de que dispõem. Os trabalhadores terão férias extraordinárias: talvez seja bom, mas surgirá o problema de preencher estes dias sem trabalho, com a impossibilidade de utilizar o automóvel, porque a gasolina está muito cara, de ir ao cinema, porque os bilhetes estão caros, de ir para a montanha ou para a beira mar, pelas mesmas razões. E além disso, as cidades não estão feitas para as pessoas que não trabalham: não há jardins, não há bibliotecas, não há lugares onde seja possível as pessoas reunirem-se para discutir, talvez teatro, talvez literatura, não importa o quê. Os trabalhadores falam apenas dos problemas do trabalho, dos sindicatos, etc.. E as casas não são suficientemente confortáveis para acolher durante todo um dia as pessoas que nada têm para fazer».

Texto publicado em 25 de Dezembro de 1974 

PRÓXIMOS AUTARCAS PS SERÃO ESCOLHIDOS EM ELEIÇÕES PRIMÁRIAS

Nos novos estatutos que o Partido Socialista pretende aprovar até Março de 2012, na sequência da reorganização interna que está em curso, os candidatos autárquicos serão previamente escolhidos pelos militantes em eleições primárias. Este processo de escolha não é novo, já existe nos Estados Unidos, França, Itália e Espanha, com uma importante diferença, a escolha está aberta a simpatizantes, que, mediante um pagamento simbólico, € 1 em França - € 2 em Itália, podem votar nos candidatos que lhes parecem mais interessantes. Aliás esta era a posição do candidato derrotado a Secretário-Geral, Francisco Assis, que afirmava que deste modo "se conseguiria o maior envolvimento dos cidadãos na vida pública". Sendo os militantes dos respectivos concelhos a votar, a escolha daí resultante não andará longe do resultado das votações para as direcções partidárias concelhias, o que tornará o acto inútil. Mas mesmo assim, consta que alguns dirigentes nacionais e locais estão contra esta alteração . Há ainda quem proponha alternativas no sentido da escolha não ficar inteiramente na dependência dos militantes, sendo que os órgãos do PS teriam a última palavra na escolha entre os finalistas, atendendo a, por exemplo, reconhecimento público, currículo, estatuto social. A verdade é que, se o sistema de eleições primárias já fosse uma realidade nas últimas eleições autárquicas, não se assistiria, em Mação, à marginalização de determinados militantes porque  não eram "amigos" do secretário-geral e, à inclusão, até em mais do que uma lista (JF., AM. ou CM.), para garantir um lugar, de outros militantes só porque eram amigos do secretário-geral.

MEMÓRIA - 8 DE NOVEMBRO DE 1991

AUTARQUIA VAI RECUPERAR EDIFÍCIO DOS PAÇOS DO CONCELHO

A Câmara Municipal de Mação decidiu lançar uma empreitada de recuperação do edifício dos Paços do Concelho. Para o efeito e contando com uma comparticipação do poder central que pode atingir os 70.000 contos procedeu agora à abertura das propostas da empreitada, após concurso público divulgado no "Diário da República". Concorreram apenas duas empresas de construção que apresentaram propostas no valor de 105.418.631$00 e 72.808.558$00, tendo sido decidido remetê-las ao Gabinete de Apoio Técnico, para apreciação. Entretanto o início das obras está previsto ainda para o decorrer do ano em curso, estando, para o efeito a proceder-se já a obras de adaptação numa parte do Mercado Municipal, onde funcionavam oficinas de mecânica camarárias, a fim de para aí serem transferidos os departamentos a laborar nos Paços do Concelho. Como no edifício da Câmara Municipal funcionavam ainda o Tribunal Judicial da Comarca de Mação e as Conservatórias do Registo Civil, Predial e Comercial, foi necessário conseguir-se instalações para realojar condignamente aqueles serviços públicos, o que não foi fácil, nem obtido nas melhores condições, havendo mesmo a necessidade dos julgamentos se realizarem num salão do Cine-Teatro Municipal. Está previsto para 1992 a conclusão das obras de recuperação do edifício dos Paços do Concelho, uma vez que as propostas agora apreciadas apontam para um prazo de 12 meses necessários à realização da empreitada.

In Diário de Coimbra - 8/11/1991

ARTE URBANA - III

Funchal. Zona Velha. Pintura em porta de entrada de casa. Autor desconhecido. Um verdadeiro roteiro de arte urbana pode ser encontrado na Rua de Santa Maria, alguns dos prédios devolutos estão enfeitados, uns por chapas penduradas em correntes, outros por cortinas que se assemelham a asas de anjo, outros ainda por pinturas com os mais variados motivos. Porta sim, porta não, é uma obra de arte que merece ser admirada. Um local que não vem nos guias turísticos e em que abunda a prostituição.

A VIDA CONTINUA (FELIZ) NA GRÉCIA

Não resisto a transcrever o que o jornalista, Paulo Moura, escreve no Público sobre o dia a dia em Atenas e Salónica, as cidades mais importantes da Grécia. Relata PM "Nos dias em que o futuro do seu país se joga nos gabinetes governamentais, no Parlamento e nas cimeiras europeias, ou no G20, os gregos enchem os bares e os restaurantes, gastam dinheiro nas lojas das zonas mais chiques das cidades, cantam e dançam nos clubes de música popular em cujas mesas uma garrafa de uísque é consumo obrigatório e custa 200 euros. Em Gazi, um dos bairros mais trendy da capital, está a decorrer a semana da Moda, com os respectivos desfiles, festas e exibição de toilettes para os fotógrafos das revistas cor-de-rosa. Em redor os bares estão à pinha, não apenas aos fins-de-semana, mas todas as noites...Em Exarchia, o bairro mais contestatário de Atenas, entre grafftis e junkies a injectarem-se no meio da praça principal, há animação contínua nos bares e esplanadas. Sexta-feira à noite, milhares de pessoas em traje de gala enchem o clube Fantasia...onde se pode ver uma fila de Porches e Cayenne estacionados à porta. Em Salónica, a segunda cidade da Grécia, a Praça Aristóteles e as suas esplanadas de luxuosos cafés estão cheias a qualquer hora.". E nós, por aqui, a supormos que os gregos passavam o seu tempo, nas ruas, a protestar.

MEMÓRIA - 2 DE NOVEMBRO DE 1962

FEIRA DOS SANTOS EM MAÇÃO

Com uma concorrência extraordinária e tempo magnífico realizou-se, nesta vila, a tradicional Feira dos Santos, a mais importante que se efectua no concelho de Mação.

In Diário Ilustrado - 2/11/1962

FEIRA DOS SANTOS

Talvez o dia, muito nublado e a ameaçar chuva, talvez a crise, a verdade é que notei menos visitantes à mais importante feira de Mação. Vendedores imensos, que se espalhavam pelo campo da feira e ruas adjacentes. No Largo dos Bombeiros situavam-se as barracas dos frangos no churrasco, as castanhas assadas com jeropiga e a habitual maquinaria agrícola, a que se vêm juntar, agora, os automóveis novos. Também no local do costume, o pequeno jardim, uma feira de artesanato, que findou cedo. A feira prosseguia na zona histórica, com vendedores de árvores, de cereais, de panos para a apanha da azeitona, que agora está no começo e com as queixas de que não há gente que a queira apanhar e, toda uma diversidade de artigos virados para a terra. Mal comparado, esta feira é um shopping rural. É também um pretexto para se reverem velhos amigos e conhecidos. E é, finalmente, o motivo para dar vida, ainda que apenas por um dia, a esta vila cada vez mais despovoada.

AS TREVAS ABATEM-SE SOBRE A VILA

O Sol afunda-se no horizonte. E a Lua, ainda débil, prepara-se para alumiar Mação. É a sucessão dos nossos dias e noites. Até ao definitivo que é a morte.  

MEMÓRIA - 1 DE NOVEMBRO DE 1974

SESSÃO DE ESCLARECIMENTO PROMOVIDA PELO PARTIDO COMUNISTA

Amanhã, sábado, dia 2 de Novembro, pelas 21 horas, realiza-se no Cine-Teatro desta vila, uma sessão de esclarecimento político promovida pelo Partido Comunista, que conta com o apoio da Comissão Democrática de Mação. Por todo o concelho reina grande expectativa por esta sessão de esclarecimento, pelo que se espera que um grande número de anti-fascistas acorram ao referido comício.

In Diário do Ribatejo - 1/11/1974

MEMÓRIA - 31 DE OUTUBRO DE 1967

CHUVA

Nos últimos dias tem chovido com alguma intensidade, o que veio beneficiar os campos já há muito sequiosos de água. Entretanto se por um lado os agricultores se mostram satisfeitos com estas primeiras águas, a mesma alegria não têm os moradores das ruas de S. Pedro e Padre António Pereira de Figueiredo. Efectivamente na rua de S. Pedro, por deficiente escoamento, ou melhor, por falta de escoamento, as águas inundam-na de lés-a-lés formando uma autêntica cascata, pelo aproveitamento do declive da rua. Na rua Padre Figueiredo, junto ao pretenso mercado de peixe, também pelos motivos apontados e porque aí a rua forma uma baixa, a água inunda habitações e estabelecimentos comerciais, avolumando-se de tal maneira que só pode ser atravessada de carroça, isto por falta de barcos. Não teria sido possível terem-se já feito estas correcções.

In Diário de Coimbra 31/Outubro/1967

MEMÓRIA - 30 DE OUTUBRODE 1970

RECOLHA DE TRECHOS FOLCLÓRICOS

Esteve recentemente nesta vila o conhecido musicólogo Michel Giacometti, em serviço de recolha e gravação de alguns antiquíssimos trechos de música popular. Foram gravados alguns terços quaresmais, de rara beleza, e que se costumam ouvir nas madrugadas da semana que antecede o domingo de Páscoa. Já há alguns anos esteve nesta vila, em idêntica missão, o saudoso maestro Virgílio Ferreira, que tal como o musicólogo Giacometti, se confessou surpreendido com a riqueza dos trechos folclóricos desta vila.

In Diário de Coimbra - 30/Outubro/1970

ARTE URBANA - II

Lisboa. Parque das Nações. Homem Sol, 1998, ferro corten, criação do artista Jorge Vieira, (1922/1998). Projectando-se no espaço como querendo abraçar uma das Torres São Rafael, que fazem guarda de honra ao Centro Comercial Vasco da Gama.

MEMÓRIA - 29 DE OUTUBRO DE 1968

RALLYE DA TAP

Uma vez mais foi esta vila escolhida para ponto de passagem de uma importante prova automobilística, desta vez uma competição de características internacionais. Assim, na madrugada do passado sábado quase uma centena de automobilistas venceu as dificuldades deparadas na travessia deste concelho, com excepção do conhecido volante José Lampreia que sofreu um despiste, sem consequências, mas que o obrigou a desistir. Na barreira norte desta vila estava montado um controle, de paragem obrigatória para todos os concorrentes, local onde, apesar da hora muito tardia, se juntaram centenas de entusiastas a apreciarem os famosos volantes nacionais e estrangeiros.

In Diário de Coimbra - 29/Outubro/1968



A BANCA PORTUGUESA E AS DÍVIDAS

Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha, os denominados "PIIGS" devem à banca portuguesa 19,6 milhares de milhões de euros. Assim são detidos pelos bancos portugueses os seguintes montantes de dívida: BCP 6,9; BPI 5,2; CGD 4,2 e BES 3,3 milhares de milhões de euros

A CRISE GREGA

Finalmente a Europa parece ter dado um passo em frente para resolver o problema da Grécia, mas não só, também o do euro e, quiçá, o futuro da Europa como comunidade. O acordo conseguido esta madrugada implica que os governos da zona euro devam mobilizar 30.000 milhões de euros para financiar as garantias do acordado com a banca europeia que irá assumir 50% das perdas sobre as dívidas gregas - equivalentes a 100.000 mil milhões de euros para reduzir o nível da dívida da Grécia para 120% do PIB em 2020, perante os 180% previstos para 2012. O segundo resgate ascende a 130.000 mil milhões de euros somados aos 30.000 mil milhões de euros comprometidos para garantir o pacto com os bancos. Até ao presente a Troika, uma delegação do Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comunidade Europeia (CE) visitava trimestralmente a Grécia para se inteirar se cumpria com o que se havia comprometido em troca da ajuda recebida. Desde ontem a intervenção europeia alcança outro nível. E, em consonância, a Sra. Merkel anuncia que a supervisão será permanente e que uma delegação se instalará, sem se saber até quando, em Atenas. O euro subiu hoje 2,18% para 1,4209, registando a maior valorização desde Agosto do ano passado face à nota verde, consequência do acordo alcançado em Bruxelas entre os líderes europeus.

JULIÃO SARMENTO, JOSÉ LOUREIRO E EDGAR MARTINS NO MUSEU DA ELECTRICIDADE

                         
                                              Bosão de L, uma pintura de José Loureiro

Fiquei desiludido com as obras que Julião Sarmento expõe. Conheço este artista há muitos anos e recordo-me de alguns dos seus trabalhos de uma qualidade excepcional, por exemplo, aqueles pertença da Fundação Calouste Gulbenkian. No Museu da Electricidade, da Fundação EDP, o artista apresenta uma série de quadros que pretendem ser uma fusão entre imagem e texto. A imagens parecem, nas palavras do curador da exposição, João Pinharanda, mais concretas que as palavras - mas são igualmente indefiníveis. Nas imagens temos a ilusão de que há coisas que podemos descrever; mas são fragmentos de coisas (corpos e seus gestos, espaços e seus elementos) que temos mentalmente que completar. José Loureiro, outro dos artistas em exposição, elege como momentos marcantes da sua formação artística, duas leituras, o poema Deslumbramento de Cesário Verde e o capítulo de Guerra e Paz onde Tolstoi narra a batalha de Borodino. José Loureiro necessitou de uma parede com 1626 x 540 cm. para provar a sua tese de construir uma "máquina" concreta capaz de evidenciar a separação das partículas de cor que integram as coisas do mundo real. O ventre das centrais hidráulicas  é fotografado por Edgar Martins. Ao visitarmos a exposição estamos sempre à espera de ver o que sabemos existir no exterior, por cima daquelas grandes abóbodas: água, muita água. Nunca acontece. Só vemos aqueles   maquinismos que transformam a água em electricidade, como na Pracana ou no Fratel, também representadas na exposição. São fotografias com tamanha profundidade e realismo que não nos deixam indiferentes ao gigantismo das hidroeléctricas.

 .   

O CENTRO MUDOU

Aqui desaguavam quatro ruas - Pina Falcão, Amieira, São Pedro e Francisco Serrano. Era o centro do mundo. Hoje a Praça Gago Coutinho é quase apenas um cruzamento com casas à sua volta e uma rua que sobe para o centro da vila.

MEMÓRIA - 21 DE OUTUBRO DE 1967

ABERTURA DA CAÇA

Como é usual houve de tudo neste primeiro dia de caça: grades e bons cintos. Entretanto todos os caçadores se gabavam de ter visto muita caça, o que, pelo menos, já é animador. As consequências da nova lei foram aqui bastante sentidas, pois notou-se um número bastante inferior de caçadores estranhos ao concelho relativamente aos anos anteriores.

In Diário de Coimbra - 21/10/1967

FIM DE UM TIRANO

Capturado vivo Kadhafi foi morto por uma bala na cabeça pouco após a libertação da sua cidade natal Syrte. "Reencontrou o seu destino que é o de todos os ditadores", declarou a Conselho Nacional de Transição.

CAVACO SILVA CRITICA GOVERNO

Contestando a eliminação dos subsídios de férias e de natal, em 2012 e 2013, aos funcionários públicos e pensionistas, Cavaco Silva disse que o corte de subsídios é a violação de um princípio de equidade fiscal. Afirmou, ainda, que se está no limite dos sacrifícios que se podem pedir aos portugueses e o governo pode mesmo já ter pisado o risco no caso dos pensionistas. Deseja um debate aprofundado sobre as propostas do governo para o Orçamento do Estado para 2012 e pede aos deputados que possam dar o seu contributo para melhorar o orçamento do próximo ano. Afirmações efectuadas na sessão de abertura do Congresso dos Economistas. 

MANIFESTAÇÃO DO PCP

Não tenho qualquer afinidade com o PCP. Nunca tive aliás. Mas entre muitas das suas qualidades aprecio a da mobilização. Hoje (ontem) mesmo, numa parte da baixa lisboeta, os comunistas mostraram a sua força e, o seu líder, do modo simples que o caracteriza, entre muitos apelos à mobilização, escalpelizou a política criminosa das medidas de austeridade do Orçamento de Estado para 2012, do roubo infame aos que vivem dos pequenos rendimentos. Apelou, por último, ao inconformismo dos portugueses face à política de austeridade do governo.

ORÇAMENTO PARA 2012

Estive relativamente atento à entrevista do ministro das Finanças Vitor Gaspar na RTP. De tudo o que ele afirmou ficou-me a ideia que o orçamento de 2012 foi feito unicamente para salvar o Estado e não o país. Espantei-me como aquela figura monocórdica teve a capacidade bastante para fugir às resposta incómodas do entrevistador. Lamentavelmente nesta entrevista não foram dados quaisquer sinais, por Vitor Gaspar, como iremos sair, em 2014, da profunda recessão em que este orçamento nos colocará. E a dúvida que me persegue é, como será possível, com esta profunda recessão, pagarmos as dívidas aos nossos financiadores. Se nos dois próximos anos toda a gente vai ficar sem dinheiro, o que significará que as transacções  baixarão drásticamente e consequentemente a arrecadação de impostos cairá brutalmente, onde irá o Estado arranjar dinheiro. Mas nós cá estaremos, então, para dar o dinheiro que fôr necessário.

RANKING DAS ESCOLAS

Veio no Público, e noutros jornais,  a classificação da Escola B 2,3/S de Mação que é francamente má. No ranking da totalidade das escolas situa-se no 725º. lugar e na classificação das que efectuaram mais de 50 provas não vai além da posição 640.

MANIF DOS INDIGNADOS EM LISBOA

Mais de 100.000 participantes, números da organização, calcorrearam as ruas que levam do Marquês de Pombal até ao largo da Assembleia da República. Muitos cartazes com as mais diversas mensagens. Maioritariamente gente jovem. Uma grande revolta pelas medidas que o Governo vai impor a todos, melhor dizendo a quase todos, porque o capital não é chamado a contribuir. Contra o desemprego, contra a precariedade, contra a impossibilidade de conseguir trabalho. Pela ausência de perspectivas num futuro de vida razoável, pela desconfiança na classe política e a sua falta de honestidade. Desilusão com o rumo tomado por Portugal após o 25 de Abril. Não há mais confiança nesta democracia que nos governa para governar meia dúzia de eleitos. Eu estive lá, apenas mais um português naquela multidão.   

AMANHÃ HÁ FUTEBOL

                                                     ADM 1 -  CA Ourém 1

A Associação Desportiva de Mação recebe domingo, dia 16, a equipa da Associação Desportiva Cidade Ferroviária do Entroncamento. Quero aqui deixar uma sugestão para a tarde de amanhã,  assistir a este desafio de futebol. O Campo Municipal Agostinho Dias Carreira, dispondo de relvado sintético, é excelente, bonito mesmo. Possui uma bancada onde, comodamente, se desfruta o espectáculo e, além disso, permite avistar, ao longe, o casario da vila, emoldurado por uma paisagem fantástica, nele se destacando a torre branca da Matriz, O ambiente que rodeia os jogos é sempre animado, com os habituais insultos à equipa de arbitragem. E assistem muitas mulheres que também protestam.  Claro há bar aberto, o que nestas tardes de calor tão forte é sempre uma boa solução. 

LÍBIA

A detenção de um dos filhos de Mohamed Kadafi agora anunciada e a dificuldade que as chamadas forças libertadoras têm encontrado para lidar com a abundância dos meios disponíveis, entenda-se material de guerra, reavivou-me aquela dúvida de quem estará por detrás desta guerra de libertação. Os denominados rebeldes lutam por uma causa, a destituição de um ditador, mas têm necessidades quase básicas: quem os alimenta, quem lhes paga o pré. Ninguém acredita que andem a arriscar a própria vida sem receber em troca uma qualquer compensação. Já não estamos nos tempos dos aventureiros românticos. Agora só nos filmes. Nunca ouvi, li ou vi os nomes dos países que alimentam aquela guerra. Soube-se de decisões da NATO em intervir, simplesmente, para salvar os civis dos massacres levados a cabo por Kadafi, mas nunca se soube quem, militarmente, apoiava os rebeldes. A Líbia, tal como o Iraque, é rica em petróleo. E os Estados Unidos intervieram neste último país. Foi o ouro negro, sabemos, que fez mover interesses no sentido de apoiar os revoltosos. Só mais tarde saberemos quem vai cobrar as facturas. Neste ponto a comunicação social é parca em informações.  

INDIGNADO?

Eu? Estou é farto destes políticos que só sabem meter a mão nos meus bolsos.

VER AMADEO DE SOUSA-CARDOZO NO CENTRO DE ARTE MODERNA

No Centro de Arte Moderna - José de Azeredo Perdigão, João Proença expõe   Trabalhos com Texto e Imagem. Só tive paciência para ver um dos seus vídeos e, confesso, não é um tipo de arte que muito aprecie. Arranjei, porém, pachorra para apreciar o seu trabalho de início ao fim. Mas para meu mal, não consegui formar qualquer opinião. Proença, creio, tem feito a sua carreira no estrangeiro. Passei a "correr" pela exposição Labirintos que apresenta trabalhos de Ana Jotta, Paula Rego, João Pedro Valle, Noé Sendas, Sérgio Pombo e Teresa Magalhães, entre outros, pois desejava rever as pinturas de Amadeo de Sousa-Cardozo na exposição permanente que daqui a poucos meses encerrará. E não é todos os dias que posso ir à Gulbenkian. Amadeo de Sousa-Cardozo teve uma vida curta. Nasceu em Amarante em 1887 e faleceu em Espinho em 1918, vitimado pela pneumónica, epidemia que por esse tempo  grassou em Portugal. Percursor no nosso país da arte moderna, notabilizou-se por prosseguir o caminho dos grandes artistas da vanguarda da sua época. Estudou na Academia das Belas Artes de Lisboa em 1905 e partiu no ano seguinte para Paris, que era então a capital da arte, nela vivendo os mais importantes pintores desse tempo. Contacta e segue as novas escolas do impressionismo, expressionismo e cubismo. De regresso a Portugal, aquando do início da guerra de 1914-1918, expõe em Lisboa e Porto, causando espanto pela novidade da sua pintura e, ao mesmo tempo, algum escândalo por aquilo que ela tinha de diferente do que se fazia nessa época. Na sua curta existência ainda lhe foi possível expôr em Nova Iorque no Armory Show. Quando foi ceifado pela morte seguia a experimentação de novas formas de expressão do cubismo, expressionismo e também colagens. Nesta exposição é possível apreciar um lote variado de trabalhos de Amadeo de Sousa-Cardozo.