segunda-feira, 30 de maio de 2016

sábado, 28 de maio de 2016

MEMÓRIA 1974 - PRIMEIRO ACTO DA COMISSÃO DEMOCRÁTICA DE MAÇÃO

Como primeiro acto da Comissão Democrática de Mação, conhecida pela sigla CDM, acaba de vir a público a seguinte declaração:

« - Considerando a total ausência de formação política de base que faculte ao povo do Concelho de Mação consciente participação no instaurado Regime Democrático;
  - Considerando que urgente reformulação de princípios deverá imprimir ao sector económico do Concelho os níveis de desenvolvimento indispensáveis à fixação da sua população ajustada a padrões de autêntica vida civilizada;
 - Considerando a manifesta insuficiência dos serviços e meios materiais e humanos ao dispor das populações, para uma conveniente cobertura das prementes necessidades médico-assistenciais  e para acesso eficaz à Cultura mediante estabelecimentos de ensino actualizados e competentes;
 - Considerando que, secundando a ditadura fascista, o autoritarismo obscurantista de minorias  dominantes continua a frustrar  sistematicamente às populações trabalhadoras o direito, que se entende ser urgente restaurar, às legítimas reivindicações sociais;
PROPÕE-SE
1 - A constituição da Comissão Democrática de Mação (CDM) integrando elementos de todas as freguesias do Concelho que, estabelecendo contactos de cooperação com grupos de apoio e organizações democráticas - designadamente C.D.E. - se oriente para a enunciação de soluções que dinamizem as populações no debate e tomadas de posição face à problemática concelhia;
2 - Que a referida CDM  seja composta exclusivamente por pessoas reconhecidamente desafectas e não comprometidas com o regime fascista eliminado, colaborado nos objectivos do Governo Provisório em exercício;
3 - Que a C.D.E. impulsione activamente as populações com vista à sua participação insistente nas tarefas colectivas de reorganização das instituições e eleição  dos quadros  dirigentes;
4 - Que Assembleias Populares a realizar nas autarquias locais, previamente convocadas pela CDM, discutam livremente e deliberem sobre problemas de interesse comum, sancionando as suas decisões com votação de moções pelas quais organismos públicos e privados se vinculem às resoluções que foram aprovadas e não sejam iludidas as justas aspirações populares;
5 - Que a CDM exerça uma campanha no seio das massas populares de todo o concelho, propagando, como direito fundamental dos trabalhadores, o princípio de que a sua intervenção organizada nos vários sectores laborais, desde a produção de bens e serviços - de que são efectivamente os principais  agentes - 
até à própria gestão do processo económico, é garantia de maior justiça na distribuição de rendimentos, libertando-se deste modo da tutela do paternalismo dirigista que sempre os oprimiu na situação de meros obreiros passivos da riqueza.
Votada e aprovada pela CDM em Mação aos 22 de Maio de 1974»

Realizou-se no passado domingo uma reunião de democratas, a nível concelhio, de que esperamos poder dar pormenores numa as nossas próximas edições.

In Diário do Ribatejo - 28/Maio/1974


terça-feira, 24 de maio de 2016

MEMÓRIA 1970 - FUTEBOL

Realiza-se hoje um encontro de futebol entre o C.A.T. do Pessoal da Fábrica Mirrado, desta vila, e o Grupo Desportivo Nunes Corrêa, de Lisboa. O desafio será disputado no Campo do Marco e terá início às 16 horas.

In Diário de Coimbra - 24/Maio/1970 

sexta-feira, 20 de maio de 2016

1984 DE GEORGE ORWELL


O romance 1984 marcou indelevelmente a literatura do século XX. É uma obra que se lê de forma dolorosa, ao sentir-se quanto é dramática a vida sob uma ditadura impiedosa, que destrói, completamente, a liberdade individual. George Orwell constrói um sistema político ditatorial que todos nós aceitamos  ser possível existir, mesmo actualmente, (Coreia do Norte?), com todos os recursos que estão ao dispor  do Homem. É possível manipular a história para conseguir manter uma ditadura, reformular o passado para o adaptar às circunstâncias actuais que convêm ao ditador, limpar o pensamento de cada cidadão e substituí-lo por um pensamento único. A  força das ditaduras como acontece em qualquer uma,  seja qual fôr o continente em que se localize, a propaganda e a repressão são os pilares do regime. No entanto o aspecto radical de 1984 reside nisto, a  propaganda e a  repressão atingem limites impensáveis. A  propaganda deve refazer por completo toda a personalidade do cidadão: a Winston, o protagonista, é retirado tudo o que o caracteriza como ser humano pensamentos e sentimentos, tudo é reescrito na alma até que o súbdito ame profundamente o Grande Irmão.
(Mothiari, Índia Britânica 25-06-1903<>Camden, Londres, Grã-Bretanha 21-01-1950)

quarta-feira, 18 de maio de 2016

MEMÓRIA 1974 - O MUNÍCIPIO DE MAÇÃO FACE À SITUAÇÃO DEMOCRÁTICA

Subscrito pelo dr. Emanuel Catarino, presidente do município  local, apareceu afixado, em profusão, nas montras de diversos estabelecimentos locais, o seguinte comunicado, que transcrevemos na íntegra:

«1º. -  Que quando aceitou o cargo de presidente da Câmara, o fez com alguma relutância pelo facto de ser nomeado por uma entidade e não eleito por votação de munícipes, tendo pesado na sua decisão a percepção de que era aceite pela maioria, o que se tem provado por inequívocos testemunhos recebidos.
 2º. - Que não estando «agarrado» ao lugar, com a ideia ou «vã glória de mandar», tem estado sim com o desejo de servir os legítimos interesses dos munícipes e prover o progresso e bem estar no Concelho.
 3º. - Que decidiu seguidamente à revolução de 25 de Abril, colocar o seu cargo e a sua pessoa ao dispor da Junta de Salvação Nacional, mantendo-se no entanto em exercício até decisão da mesma Junta.
 4º. - Que tendo conhecimento do interesse e diligências feitas por pessoas estranhas ao Concelho, no intuito de se constituir uma Comissão Administrativa, sugere que as pessoas contactadas se apresentem com as suas credenciais de representatividade, para se pôr o problema à consideração do delegado distrital da Junta de Salvação Nacional.
 5º. - Tendo nós prestado já o nosso contributo, desinteressado, ao serviço do Município, entendemos que a hora pode ser de renovação - se assim for entendido por quem de direito e a bem do Concelho.
Viva Portugal
Emanuel Sales Belo Catarino
Presidente da Câmara Municipal de Mação»

Sabemos que se fazem tentativas  no sentido da criação de uma Comissão Democrática Concelhia, possivelmente apoiada nos movimentos da C.D.E, mas parece que as pessoas contactadas, conhecidas pelas suas ideias anti-fascistas desde há muitos anos, não se mostram muito entusiasmadas com a ideia, talvez por se sentirem rodeadas por uma população totalmente despolitizada e que, nas últimas eleições do regime fascista concorreu com uma percentagem de 86,7% de votos a favor dos candidatos únicos.
Não nos consta também que se esteja a desencadear qualquer movimento no sentido de destituir os governantes municipais ou sequer os dirigentes das Juntas de Freguesia ou de outros quaisquer organismos corporativos, o que se justifica pelo conformismo que a população do concelho mostrou durante o longo consulado salazarista e caetanista.

In Diário de Coimbra - 18/Maio/1974

sexta-feira, 13 de maio de 2016

MEMÓRIA 1978 - CÂMARA MUNICIPAL NÃO IÇA BANDEIRA

Foi muito notado e comentado o facto de, no dia  primeiro de Maio, a Câmara Municipal não ter hasteada a bandeira nacional no edifício do município, em nítido contraste com alguns edifícios vizinhos - Escola Primária, C.A.T do Pessoal da Fábrica Mirrado e C.T.T. - que tinham a ondular ao vento o símbolo da Pátria.

In Diário de Coimbra - 13/Maio/1978

terça-feira, 10 de maio de 2016

0 PROCESSO DE FRANZ KAFKA


No Processo Joseph K é o homem perdido num mundo irreal em que vive. Joseph K, o protagonista de O Processo, procura desesperadamente deslindar a trama em que alguém o colocou e  esbarra contra um Estado totalitário, impessoal, acima de todos os cidadãos. Joseph K não consegue aceder ao seu processo, por muitas diligências que tenha feito, incluindo o recurso a advogados. Lentamente a Justiça transforma-se numa entidade misteriosa e, seguramente, irreal. Afinal a culpa de Joseph K é a sua existência, única resposta possível para a angústia do desconhecimento da acusação. De todas as obras de Franz Kafka, escritor do absurdo,  esta é aquela em que mais nitidamente o autor consegue aliar o obscuro ao real
(Praga, República Checa 03-07-1883<>Klosterneuburg, Áustria 03-06-1924)


domingo, 8 de maio de 2016

MEMÓRIA 1973 - EXCURSÃO ANUAL DOS ALUNOS DAS ESCOLAS PRIMÁRIAS

Como já vai sendo hábito de todos os anos, os alunos e alunas das escolas primárias desta vila saíram em demanda de novas terras: S. Pedro de Moel e Nazaré - quantos destes jovens ainda não viram o mar? - Tomar, Fátima e Grutas de Santo António, em Mira de Aire, para lhes incutir o gosto pela espeleologia.

In Diário de Coimbra - 8/Maio/1973

sexta-feira, 6 de maio de 2016

MEMÓRIA 1976 - RESULTADO DAS ELEIÇÕES PARA A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Com concorrência de eleitores inferior à da eleição  para a Assembleia Constituinte, foram os seguintes os resultados apurados, por partidos, no concelho de Mação:
PS - 2457 votos
PPD - 2328 votos
CDS - 1940 votos
PCP -   316 votos
UDP -  189 votos
FSP -     95 votos
PDC -    85 votos
PPM -   66 votos
AOC -   60 votos
MRPP - 46 votos
PCP (m-l) - 41 votos
LCI -     40 votos
MES -   36 votos
Por freguesias  o Partido Socialista venceu em quatro, a saber, Envendos, Mação, Ortiga e Penhascoso, sendo que nas eleições de 1975 tinha ganho em seis  freguesias. O Partido do CDS conquistou duas freguesias, Aboboreira e Cardigos, nas eleições do ano transacto não tinha vencido em nenhuma. O PPD venceu, igualmente, em duas  freguesias  Amêndoa e Carvoeiro, o ano passado tinha obtido a maior quamtidade de votos nas freguesias que desta vez votaram CDS.

In Diário de Coimbra - 6/Maio/1976

quarta-feira, 4 de maio de 2016

REALITY SHOW

Ao  Presidente da República, a primeira figura do Estado, é devido o respeito de todos os Portugueses. Mas a agitação do Presidente nos primeiros tempos do seu mandato, acostumados que estávamos ao comportamento sóbrio dos dois anteriores Presidentes, causa-nos  algum desconforto. Apreciaríamos uma postura mais recatada, menos agitação, contenção nas palavras. Mas já conhecíamos o porte  deste Presidente, quando ainda o não era, foi sempre hiper-activo e agora não parece ser capaz de despir a pele de comentador. A continuar neste turbilhão, com selfies à mistura, o Presidente não terá de se queixar se o Povo deixar de o respeitar como primeira figura do Estado.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

CHINA INVADE MAÇÃO

Aqui há um bom par de anos não passaria pela cabeça de ninguém que comerciantes chineses  viessem substituir comerciantes maçaenses. Enquanto os  comerciantes locais dão por finda as suas actividades, crise e reduzida população são as causas principais dos encerramentos, actualmente os dedos das mãos chegam e sobram para contar os estabelecimentos geridos por maçaenses,  acontece que já são três as denominadas "lojas dos chineses"  e acabam de ser negociados, por cidadãos da China, mais três espaços comerciais, num dos   edifícios construídos recentemente em Mação. Desconhece-se, por enquanto, que tipo de negócio   será instalado naquelas excelentes áreas. Oxalá não sejam mais  "lojas de chineses" , já temos que baste. Como nota final, não consta que este novo investimento chinês resulte da recente visita à China do presidente do município de Mação.

domingo, 1 de maio de 2016

HÁ 42 ANOS O 1º. DE MAIO DIA DO TRABALHADOR EM MAÇÃO

Neste dia, mas em 1974, com o espírito do 25/A, realizou-de a maior manifestação popular celebrada em Mação, quiçá, nos últimos 100 anos. O cortejo do 1º. de Maio iniciou-se na Praça Gago Coutinho, percorreu as principais ruas da vila e terminou no Largo Dr. Samuel Mirrado, onde alguns maçaenses proferiram inflamados discursos.