Há muitos, muitos anos, 1972, o Dr. António Pires, juiz nos Tribunais do Trabalho, rodeou-se de um grupo de maçaenses e criou as festas em honra de Santa Maria de Mação, sempre no primeiro fim de semana de Setembro, com carácter religioso, missa seguida de procissão percorrendo as principais ruas de vila, em que a bela imagem de Santa Maria, recolhida um ano inteiro na Matriz, por um dia, na tarde de domingo, abençoa os habitantes da vila. A valiosa imagem de Santa Maria, esculpida em pedra de Ançã, agora substituída por uma cópia, tem o seu nicho frente ao prédio onde viveu o Dr. António Pires, construção efectuada, afirmam os arcaicos, por J. Pimenta, afamado construtor civil na periferia de Lisboa, natural da vizinha freguesia das Mouriscas. Desde que acabaram aquelas célebres festas, organizadas no Largo dos Combatentes da Grande Guerra, as dos dois
dancings, um para a nobreza, hoje dir-se-ia o
jet set, outro para a plebe, hoje a chamada classe operária, Mação, propriamente a vila, deixou de ter os seus festejos anuais, o que não sucedia no resto do concelho. A Festa de Santa Maria de Mação, assim se denominava nos seus primeiros anos, veio, em consequência, retomar uma tradição, agora, se na época se pudesse usar o termo, de um modo democrático, todos os maçaenses passaram a ser iguais, só existia um
dancing. A festa era inteiramente concebida e feita pelo bairrismo de um punhado de maçaenses, não havia, como hoje sucede com todas as festas efectuadas no concelho, o mínimo apoio da autarquia. Trabalho duro que os responsáveis organizados em comissão, ajudados por muita gente de boa vontade, levavam a cabo. A Festa de Santa Maria de Mação começou por se realizar no Largo de Santo António. Mais tarde, com a construção do Polidesportivo no Cerejal, mudou-se para este recinto. A primeira festa, já lá vão quarenta e três anos, abrilhantada pela Orquestra Ferrugem, de Portalegre, atingiu um enorme sucesso e as que se lhe seguiram não ficaram atrás. Consolidou-se como a grande festa da vila de Mação. Mais tarde sob a direcção do falecido Senhor Agostinho Pereira Carreira realizaram-se grandes Festas de Santa Maria de Mação no Cerejal, contando com a presença de famosos artistas da época.
Há pouco mais de duas dezenas de anos, o município lançou a Feira Mostra que, envolvendo orçamentos de elevados montantes financeiros, realizada em período do ano mais agradável, Junho/Julho, matou as Festas de Santa Maria de Mação. Impossível a concorrência entre o público e o privado. A título de exemplo, este ano os D.A.M.A., GNR e Cuca Roseta, marcaram presença na Feira Mostra, enquanto que os desconhecidos artistas Délio Batista e Élsio Nunes integravam o cartaz da Festa de Santa Maria. Actualmente, não vai além de uma festa de aldeia.
Há no entanto que louvar o esforço das associações que mantêm a tradição da Festa de Santa Maria, contando com o apoio, não despiciente, que recebem da autarquia, quer em meios humanos, quer financeiros, para continuarem a tarefa que, este ano, coube ao Grupo Cultural Os Maçaenses. É devido um elogio ao grupo de senhoras que, durante muitas semanas, perdendo as queridas tele-novelas, fizeram centenas de metros de coloridos festões de papel em cores variegadas para alegria das nossas ruas e praças.
Foto Amorim Nunes Lopes