Como era previsível António José Seguro foi escolhido, por grande maioria, para o cargo de Secretário-Geral do Partido Socialista. Tem uma tarefa difícil em mãos. Não só recuperar o Partido, após uma liderança fortíssima de José Sócrates, como conseguir que uma grande parte da sociedade tenha de novo esperança no socialismo democrático, como algo que consiga estreitar o grande fosso que divide as condições de vida dos portugueses e não só. Terá de se rodear de militantes das novas gerações, sem ostracizar aqueles que tanto têm dado ao Partido, muitas vezes a troco de nada. Deverá pôr um ponto final no carreirismo, que se apoderou das diversas estruturas partidárias, e que visa apenas benefícios pessoais. Continuo a pensar, porém, que Seguro será um líder com prazo de validade e não muito longo. Veremos.
Muito se falou e escreveu sobre as nomeações para a nova administração da CGD, o banco do Estado. Foi por demais evidente o benefício concedido aos boys dos partidos no poder. E aumentar o número de administradores, sabendo-se que vão auferir vencimentos milionários, muito acima dos níveis europeus, quando se impõem duros sacrifícios aos mais pobres, é, no mínimo indecoroso. Também a escolha de pessoas ligadas, num passado recente, ao BPN, que deu no que deu, não pode passar sem uma palavra de reprovação e mais, algumas delas com ligações a entidades que, eventualmente, terão interesse nos activos que a CGD, por força dos compromissos com a Troika, terá forçosamente de alienar.
O ministro da Economia decidiu aumentos nos transportes públicos, da ordem dos 15%, invocando a situação deficitária das transportadoras, que vão afectar fortemente as classes mais débeis. Entretanto do lado das despesas do Estado não há anúncios de cortes relevantes. Como não há também notícia das grandes empresas e as grandes fortunas contribuírem fiscalmente no combate ao défice público.
Corre, entretanto, o caso SIED, referente a fuga de informações. Como se calcula, após o inquérito em curso, não dará em nada.