O Museu Municipal Dr. João Calado Rodrigues apresenta até ao fim do mês de Outubro uma exposição de charões e acharoados portugueses de autoria do artista inglês Adrian Phillimore.
Socorremo-nos de um texto de Wenceslau de Morais, inserto na obra «Dai-Nippon», editada em Lisboa em 1923, para tomarmos contacto com essa maravilhosa arte japonesa.
«Conheceis a delícia dos charões. Um trabalho maravilhoso, com o traço e o mimo da pintura, com o esmalte e a transparência da faiança, que não é nada do que já vimos, que não tem similar na arte ocidental; trabalho deslumbrante, exclusivo do Extremo-Oriente, e particularmente do Japão, que neste ramo excedeu muito em primores a sua vizinha continental. O charão, ou laca, vindo esta última designação do nome do verniz empregado, é a primeira indústria ornamental criada no Japão. A sua origem é lendária. Num templo da velha capital do império, existem caixas de charão, contendo livros sagrados que se atribuem ao século III da nossa era. Outro livro do ano 380 menciona as lacas vermelhas e as lacas de oiro. Um outro livro, de 410, refere-se às lacas mosqueadas com finas palhetas de oiro, que são as lacas de hoje conhecidas por aventurinas. Finalmente uma letrada, Mura-Saki-Shikibu, fala em 480 de uma nova espécie de charão com incrustações de madrepérola.»
Recomenda-se, vivamente, uma visita a esta exposição patente no nosso Museu Municipal.
In Diário de Coimbra - 29/Setembro/1991
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