terça-feira, 26 de julho de 2016

MEMÓRIA 1991 - EXPOSIÇÃO ITINERANTE DE ARTE RUPESTRE

No Museu Municipal Dr. João Calado Rodrigues encontra-se patente até 31 do mês em curso, uma exposição de arte rupestre.
Esta exposição que é organizada pela «Cooperativa Archeologica de Orme dell'Uomo» e Museu Municipal Dr. João Calado Rodrigues, com o apoio da Câmara Municipal desta vila, foi já apresentada em Lisboa, no Museu Leite de Vasconcelos, sendo, seguidamente, exibida em diversas cidades do norte do país.
Na inauguração estiveram presentes o presidente do município, Elvino Pereira, vereadores, magistrados e algumas outras entidades oficiais.
O acto deu lugar a uma pequena intervenção da conservadora do Museu Municipal, Dra. Amélia Pereira Bubner, que agradeceu a presença das várias entidades, o apoio recebido da Câmara Municipal para a organização da exposição e ainda se referiu aos monumentos existentes no concelho e em todo o vale do Tejo. De seguida falou a Dra. Mila Simões de Abreu, presidente da «Cooperativa Archelogica de Orme dell'Uomo», que, numa interessante dissertação traçou uma ampla panorâmica sobre a arte rupestre de Valcamónica, Itália.
Segundo referiu a Dra. Mila de Abreu, arqueóloga portuguesa a trabalhar na Itália, o Valcamónica é hoje um dos mais importantes sítios arqueológicos da Itália. Inserido, desde 1979, na prestigiosa lista do património mundial da UNESCO, é todos os anos visitado por mais de 150.000 pessoas provenientes de todas as partes do mundo. No coração das altas montanhas dos Alpes, a uma centena de quilómetros de Milão, na Lombardia, o paciente trabalho de gerações de arqueólogos trouxe à luz do sol, os testemunhos gravados nas rochas de uma civilização e de um povo - os Camunos - há muito esquecido. Hoje em dia, graças a um vastíssimo trabalho de escavação, fotografia e desenho, realizado por numerosos  especialistas, são conhecidas cerca de 200.000 gravuras pré-históricas. São pequenos pedaços de história que nos ajudam a responder a algumas perguntas sobre o passado humano e que, por isso mesmo, levantam muitas outras questões. Quem eram os Camunos? Como viviam? Que deuses adoravam? Porque fizeram tantas gravuras rupestres? Qual o seu significado?
Curiosamente está patente nesta exposição um quadro mostrando a primeira página do Diário de Coimbra nº. 122, de 25 de Setembro de 1930, tendo como director José de Sousa Varela. A Dra. Mila de Abreu teve ocasião de se referir na sua dissertação ao Diário de Coimbra, afirmando ter encontrado o referido exemplar os arquivos de Valcamónica.  E porquê o aparecimento do Diário de Coimbra nesta exposição? Justamente porque em Setembro de 1930, decorreu em Portugal,  nas cidades de Coimbra, Porto e Lisboa, o XV Congresso Internacional de Antropologia, que contou com a presença de Giovani Marro, director do Instituto de Antropologia de Turim, o qual apresentou pela primeira vez ao mundo científico estes vestígios, numa comunicação intitulada «La scoperta de inscisioni rupestri preistoriche in Valcamónica».
Ora, precisamente, a primeira página do referido nº. 122 deste Jornal, é quase integralmente dedicada, com artigos e entrevistas, ao referido Congresso de Antropologia.

In Diário de Coimbra - 26/Julho/1991

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