A recente reforma do ensino secundário nos seus anos finais e a nova forma de ingresso nos cursos superiores, anunciadas recentemente pelo ministro da Educação, vieram criar um sentimento de perplexidade em todos aqueles que, por algum motivo, se encontram vinculados ao ensino.
Não desconhecendo como tudo o que se relaciona com o ensino, nos seus diferentes graus, se tem desenrolado de forma anárquica nos últimos anos, algumas questões se colocam de imediato.
Como pode surtir qualquer efeito a avaliação contínua se, muitas das vezes, os alunos do 11º. ano têm professores cujas habilitações são precisamente o 11º. ano?
Que confiança podem dar aos alunos todos aqueles professores que, destinados a outras carreiras - engenheiros, economistas, advogados, etc. - por impossibilidade de conseguirem emprego, caem no ensino imbuídos de um espírito mercenário, sabendo que no ano seguinte estarão, ou noutra actividade ou noutra escola, muito distante talvez, e que ninguém mais se lembrará daquilo que não ensinaram, mas que vai marcar o aluno para sempre?
Finalmente, uma reforma radical no ensino não deveria ser feita com 10/15 ano de antecedência, como aliás afirma o ministro, permitindo desse modo que alunos e professores não caminhassem num túnel, onde nunca descortinam onde colocarão os pés na passada seguinte.
In Diário de Coimbra - 20/Agosto/1982
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