As eleições primárias que o Partido Socialista vai realizar no próximo domingo, dia 28, podem considerar-se, desde já, um enorme sucesso pelo facto de se terem inscrito para votar mais de 150.000 simpatizantes. A ideia de eleições directas, que na França e em Itália são actos vulgares, foi proposta, já em 2011, por Francisco Assis quando concorreu em oposição a António José Seguro, ao cargo de secretário-geral dos socialistas. Assis viu, então, a sua proposta ser chumbada. Este sistema de eleições, segundo o seu proponente, tinha a grande vantagem de abrir os debates à sociedade, em vez de se confinarem apenas aos militantes. Nesta pugna, aberta por António Costa, António José Seguro tomou mão da ideia de Francisco Assis ao abrir o acto eleitoral, estatutariamente só permitido a militantes com a quotização em dia e com mais de seis meses de inscrição, a simpatizantes. Até ao momento, como afirma o responsável pelo acto eleitoral, Jorge Coelho, as eleições primárias "são uma grande vitória do PS" e "um enorme sucesso ao nível da cidadania". Mas ainda é cedo para se lançarem muitos mais foguetes, há que esperar pelo dia 28 de Setembro, é necessário saber quantos desses simpatizantes votaram e, muito importante, conhecer como decorreu o acto eleitoral, porque já se começa a falar na existência de "sindicatos de votos" e "simpatizantes arregimentados". Um dos principais conselheiros de Matteo Renzi, Primeiro Ministro italiano, conduzido ao poder através de primárias, afirmou que "são uma ferramenta poderosa", mas que "devem ser usadas com cautela". Se nas eleições do próximo domingo acontecerem algumas situações menos claras, onde quer que seja, haverá realmente que pensar se valerá a pena abrir o partido à sociedade civil. Se, pelo contrário, for um sucesso como se espera e deseja, BE, CDS, PCP e PSD terão que ponderar no uso deste novo sistema em Portugal.
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