terça-feira, 15 de dezembro de 2015

NA ROMÉNIA (1)

Uma meteórica passagem pela Roménia, com uma brevíssima estadia na sua bela capital Bucareste, vai-me permitir alinhavar algumas destas pequenas crónicas, em que procurarei narrar aquilo que, por tão evidente, não pode escapar à visão de um viandante apressado.
Não escreverei hoje sobre as gentes e os aspectos monumentais da Roménia, até porque estes não tive oportunidade de  apreciar em minúcia.
Focarei apenas factos que se relacionam mais com o aspecto económico e que, no fundo, são os que mais interessam e mais curiosidade despertam a todos aqueles que vivem para aquém da chamada Cortina de Ferro.

Para quem conhece uma boa parte da Europa, fácil e rapidamente constatará que em nenhum país europeu, a condição de vida do trabalhador é de tanta penúria como na Roménia: os salários muito baixos e os bens de primeira necessidade muito caros.
É evidente que não tive possibilidade, quer por carência de tempo, quer por falta de contacto prolongado com os cidadãos romenos, de fazer um inquérito aos preços e às condições de vida.
No entanto,  por exemplo, posso dizer que um fato de homem custa cerca de 1.200 leus(a). O director do hotel onde estive alojado ganhava, mensalmente, 1.200 leus.
Devo dizer, porém, que há menos diferenças salariais de que, por exemplo, no nosso país. Um empregado de escritório pode ganhar 250 leus, o seu chefe auferirá 320 leus e o seu director 400 leus. A desproporção salarial é muito menor do que em Portugal. Mas a verdade é que aqueles  três, com tais  ordenados, morrem de fome.

(a) 1 leu = Esc. 4$75

In Diário do Ribatejo - 15/Dezembro/1971

Sem comentários:

Enviar um comentário