Conforme noticiámos, teve lugar na tarde do passado domingo, no Cine-Teatro desta vila, um plenário concelhio que tinha como ponto principal dos trabalhos a escolha dos elementos que comporão a Comissão Administrativa que gerirá o concelho até à reforma legislativa.
O plenário despertou um interesse extraordinário, tendo-se deslocado a esta vila representantes de todas as freguesias do concelho, em tão elevado número que a sala de espectáculos foi pequena para conter tanto público que enchia completamente os corredores central e laterais, bem como o palco, vestíbulo e salas contíguas.
Daqui se pode inferir a quantidade de pessoas presentes, todas deslocadas a expensas suas.
Presidiu à sessão o dr. António José Mirrado Paisana, ladeado pelos srs. António Diogo Aleixo, Herculano de Carvalho e Manuel Simões Saldanha, todos membros da Comissão Democrática de Mação (CDM) e, ainda, por representantes das diversas freguesias do concelho.
Na assistência, que incluía a presença de muitas senhoras, via-se o dr. Emanuel Catarino, presidente do município local, que se encontrava acompanhado dos vereadores srs. Elvino Pereira, João Lemos, José Correia e prof. Parente, todos ainda em exercício.
Depois de, pelo presidente da mesa, ter sido apresentada a ordem de trabalhos, verificou-se a primeira intervenção dos assistentes, feita precisamente pelo actual presidente do município, no sentido de esclarecer os presentes que a vereação a que presidia tinha sido eleita democraticamente, lamentando contudo que ele
Presidiu à sessão o dr. António José Mirrado Paisana, ladeado pelos srs. António Diogo Aleixo, Herculano de Carvalho e Manuel Simões Saldanha, todos membros da Comissão Democrática de Mação (CDM) e, ainda, por representantes das diversas freguesias do concelho.
Na assistência, que incluía a presença de muitas senhoras, via-se o dr. Emanuel Catarino, presidente do município local, que se encontrava acompanhado dos vereadores srs. Elvino Pereira, João Lemos, José Correia e prof. Parente, todos ainda em exercício.
Depois de, pelo presidente da mesa, ter sido apresentada a ordem de trabalhos, verificou-se a primeira intervenção dos assistentes, feita precisamente pelo actual presidente do município, no sentido de esclarecer os presentes que a vereação a que presidia tinha sido eleita democraticamente, lamentando contudo que ele
presidente não tivesse sido eleito pelo mesmo processo, mas sim escolhido. Teceu ainda algumas considerações acerca do acto a que se assistia. Fartos aplausos coroaram a intervenção do dr. Emanuel Catarino.
Seguiram-se algumas intervenções dos assistentes, entre os quais alguns sugerindo que o saneamento dos corpos administrativos não deveria atingir aquelas pessoas que tinham dado provas de capacidade no regime fascista. Palmas e apupos distinguiram estes oradores, sinal de que o plenário se encontrava dividido.
Foi então esclarecido por elementos da CDM que não estavam em causa as pessoas, neste caso particular de Mação, mas tão só o sistema que, conforme já determinara o ministro da Administração Interna, deveria ser desmontado.
Surgiu então aquela que seria a intervenção fundamental do plenário e que virou completamente a assistência. Foi no decorrer da intervenção do sr. Herculano de Carvalho quando perguntou à assistência se seria justo que se gastasse o dinheiro do povo com a construção de piscinas, com motonáutica, despendendo na edição de um livro mais de cem contos, quando pelo concelho as pessoas bebiam água de poços, não havia estradas, não beneficiavam de electricidade. Fortes aplausos cobriram as últimas palavras deste democrata, por duas vezes internado nas cadeias da PIDE.
Entrou-se então no ponto principal do plenário: a escolha dos elementos que hão-de servir na Comissão Administrativa. Acordou-se fazer um intervalo para que os cidadãos se agrupassem por freguesias e escolhessem duas pessoas.
Foram deste modo escolhidos 15 indivíduos, das mais diversas profissões, a freguesia de Cardigos votou apenas um nome, que no decorrer desta semana serão ratificados em reuniões a realizar nas sedes das freguesias de Aboboreira, Amêndoa, Cardigos, Carvoeiro, Envendos, Mação, Ortiga e Penhascoso, orientadas por representantes da CDM.
Depois de, por elementos da CDM, terem sido feitas considerações acerca do significado do 25 de Abril, a sessão foi encerrada não que, antes, a assistência em pé e vibrantemente cantasse o hino nacional.
Foi uma jornada política inolvidável, que pareceria impossível levar-se a efeito em Mação.
ASA.
In Diário do Ribatejo - 12/Junho/1974
Seguiram-se algumas intervenções dos assistentes, entre os quais alguns sugerindo que o saneamento dos corpos administrativos não deveria atingir aquelas pessoas que tinham dado provas de capacidade no regime fascista. Palmas e apupos distinguiram estes oradores, sinal de que o plenário se encontrava dividido.
Foi então esclarecido por elementos da CDM que não estavam em causa as pessoas, neste caso particular de Mação, mas tão só o sistema que, conforme já determinara o ministro da Administração Interna, deveria ser desmontado.
Surgiu então aquela que seria a intervenção fundamental do plenário e que virou completamente a assistência. Foi no decorrer da intervenção do sr. Herculano de Carvalho quando perguntou à assistência se seria justo que se gastasse o dinheiro do povo com a construção de piscinas, com motonáutica, despendendo na edição de um livro mais de cem contos, quando pelo concelho as pessoas bebiam água de poços, não havia estradas, não beneficiavam de electricidade. Fortes aplausos cobriram as últimas palavras deste democrata, por duas vezes internado nas cadeias da PIDE.
Entrou-se então no ponto principal do plenário: a escolha dos elementos que hão-de servir na Comissão Administrativa. Acordou-se fazer um intervalo para que os cidadãos se agrupassem por freguesias e escolhessem duas pessoas.
Foram deste modo escolhidos 15 indivíduos, das mais diversas profissões, a freguesia de Cardigos votou apenas um nome, que no decorrer desta semana serão ratificados em reuniões a realizar nas sedes das freguesias de Aboboreira, Amêndoa, Cardigos, Carvoeiro, Envendos, Mação, Ortiga e Penhascoso, orientadas por representantes da CDM.
Depois de, por elementos da CDM, terem sido feitas considerações acerca do significado do 25 de Abril, a sessão foi encerrada não que, antes, a assistência em pé e vibrantemente cantasse o hino nacional.
Foi uma jornada política inolvidável, que pareceria impossível levar-se a efeito em Mação.
ASA.
In Diário do Ribatejo - 12/Junho/1974
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